O universo do artesanato caxiense é bem maior do que se pode imaginar. Somente junto à Fundação Gaúcha do Trabalho e Assistência Social (FGTAS/Sine), são quase 5 mil artesãos, porém, 2,7 mil com cadastro ativo. Como microempreendedores individuais (MEIs), são 707 cadastros em atividades relacionadas ao artesanato em Caxias, conforme dados do Portal do Empreendedor.
Muitos artesãos atuam individualmente. Outros tantos se reúnem em grupos, como o Grupo Setorial Teia – Rede de Trabalho Artesanal da Microempa. São 12 mulheres que, desde fevereiro de 2016, se reúnem para discutir formas de se fortalecer para vender mais e melhor.
— A gente não concorre, a gente se ajuda. A gente troca ideias. Faz cursos, busca desenvolvimento, compra produtos em conjunto — explica Ariane Bissani, coordenadora do grupo e proprietária da Na Ponta da Agulha – Costura Criativa.
Um dos frutos do trabalho coletivo é a primeira mostra de artesanato do grupo, que ocorre nesta sexta-feira (14), às 19h30min, na Microempa (Rua Ângelo Lourenço Tesser, 1.141 – bairro De Lazzer). Elas irão expor produtos em crochê, bordados, costura criativa, macramê e montagem de bijuterias, que abrangem diferentes segmentos, como linha para bebê e para noivas, além de bolsas, acessórios e peças para decoração.
Entre as expositoras estará Ana Casara, que dos 65 anos de vida, tem 50 dedicados ao artesanato. Ela levará as peças de macramê que produz. Ana aprendeu muito cedo e até tentou trabalhar em outras áreas, como indústria e comércio, mas não conseguiu deixar de lado o artesanato. Além de gostar, diz que é um negócio rentável.
— Tanto que consegui me manter todos esses anos — acrescenta.
Com tanta experiência, Ana também ensina macramê. Tem turmas em Porto Alegre e Caxias e um canal no Youtube com 19 mil inscritos e mais de 1 milhão de visualizações. Ensinou até o marido, Luiz Casara, que se descobriu um artesão depois de aposentado:
— Está fazendo melhor que eu (risos). Um profissional.
Sem a mesma experiência, não sem menos empolgação, Lívia de Mello Munhós, 35 anos, é outra das artesãs do grupo Teia. Ela começou a fazer patchwork há pouco mais de dois anos para o enxoval do bebê que estava a caminho. Amigos e conhecidos gostaram e ela resolveu investir na produção. Hoje, ela concilia o artesanato com a profissão de quiropraxista. Durante o dia, fica no consultório e passa as noites costurando.
— Faço de duas a três bolsas por semana, por exemplo, mas gostaria de produzir mais – conta, adiantando que tem planos de reduzir a carga horário no consultório para se dedicar mais ao patchwork.
Quem faz parte do grupo Teia
> Amada Costura – Arte Feita à Mão
> Ateliê Pati Amarante
> Artellen Trabalhos Artesanais
> Dedal Miudezas
> Feitiços de Pano
> Feito a Mel – Crochet e Patchwork
> Macramê Ana Casara
> Maria Maphalda Patchwork
> Na Ponta da Agulha – Costura Criativa
> Nolitá Atelier de Acessórios
> Sil’Artes – Crochê, Tricô e Bordados
> Um Pontinho – Bordados Feitos à Mão
"Falta um telhado, ao menos"
Iniciativa do Programa Gaúcho do Artesanato (PGA), a Casa do Artesão, em Caxias, completou 20 anos na semana passada. No espaço, em São Pelegrino, há exposição e venda de produtos em crochê, palha de trigo, madeira, pintura, biscuit e lã. No ano passado, foram mais de R$ 100 mil em vendas. Neste ano, até agora, R$ 73 mil. Além de Caxias, a Casa atende a artesãos de 60 municípios da região.
Atualmente, são 71 deles expondo — a capacidade é de 80. O ideal, segundo Rosane Devens, coordenadora da Casa do Artesão, seria um espaço maior, como em grandes centros e cidades turísticas.
— Gostaríamos de um local que fosse referência para atender ao turista.
A reivindicação é a mesma da Associação Caxiense dos Artesãos (Ascart), que reúne 18 profissionais atualmente. Conforme a presidente da entidade, Adriana Sartor Ripke, falta uma estrutura física e fixa para o artesanato da cidade.
— Um telhado, ao menos. Em dias de chuva e vento, um gazebo não é suficiente.
ESPAÇOS DO ARTESANATO
CASA DO ARTESÃO
> Endereço: Avenida Júlio de Castilhos, 1478 (junto à agência FGTAS/Sine).
> Horário de atendimento: de segunda a sexta, das 9h às 17h, e aos sábados, das 9h às 16h.
ASCART
> Endereço: Casa 7 da Réplica de Caxias, nos Pavilhões da Festa da Uva.
> Horário de atendimento: às sextas, sábados e domingos, das 10h às 17h.
Números do setor, conforme dados do FGTAS/Sine
> 2.769 artesão cadastrados (FGTAs/Sine).
> 72,2% são mulheres.
> 25,5% tem entre 51 e 60 anos.
> 21,5% tem entre 61 e 70 anos.
> 18,6% tem entre 41 e 50 anos.
> 22.984 peças foram vendidas em 2018.
> R$ 500.714,32 em vendas em 2018.
> 4.974 peças vendidas em 2019, até agora.
> R$ 73.089,79 em vendas em 2019 até agora.