A geração que nasceu conectada e está chegando ao mercado de trabalho não tem o mesmo senso de posse que os pais e avós têm. Além disso, são práticos e querem que os processos sejam simplificados, inclusive na hora de morar. Para atender à nova necessidade, a plataforma digital Housi oferece há um ano moradia on demand. A ideia é uma locação de imóveis da forma o mais desburocratizada possível: o aluguel é feito pela internet, sem necessidade de fiador. O serviço, oferecido somente em São Paulo — por enquanto — foi apresentado nesta quarta-feira (22) no seminário CONSTRUindo, do Sinduscon pelo COO (sigla em inglês para Chief Operating Officer) da Housi / Vitacon, Otto Borges.
Conforme o executivo da marca, são cerca de 300 unidades atualmente. Para o ano que vem, serão 1 mil. A intenção é expandir para outras capitais em breve. Porto Alegre está na lista, assim como Rio de Janeiro, Salvador e Curitiba. Embora o foco sejam grandes centros urbanos, Otto acredita que o modelo pode ser perfeitamente aplicado em Caxias do Sul. O serviço se encaixa em qualquer perfil de cidade, segundo ele.
Antes da palestra, o COO conversou com o Pioneiro. Confira:
O tema da sua palestra é Como vamos viver no futuro. Como vamos viver?
A gente vê uma mudança muito grande no comportamento dessa nova geração que está no mercado de trabalho, que está começando a se capitalizar, e o mercado precisa se adaptar a esse novo conceito. A gente vê uma questão muito forte de não ter raízes. Esse novo público não tem raízes fixadas, tem uma percepção muito grande relacionada à parte de experiência, então a gente veio com um produto justamente para tentar suprir essa necessidade, que é o cara conseguir morar sob demanda. A gente entende que a vida dele vai estar associada ao momento que ele está vivendo. Se ele tiver uma alteração na rotina na distância que ele tem de percorrer, na mudança de emprego, na mudança de objetivo de vida, a moradia tem de acompanhar. No tradicional, onde compra uma casa, financia em 30 anos, vive daquele ativo nesse tempo todo, não se encaixa mais no perfil de consumo atual.
Como funciona a moradia on demand?
A gente criou uma plataforma 100% digital, muito descomplicada. O modelo tradicional de locação hoje no mercado é bem burocrático. Quem já teve a oportunidade de locar tem essa dificuldade de conseguir fiador, de você comprovar documentação, é um processo muito longo para um processo que deveria ser instantâneo. A gente repensou o processo e hoje você consegue locar através dessa plataforma de maneira muito rápida. A gente utiliza cartão de crédito, outras ferramentas que a locação tradicional hoje não utiliza. E não é só uma plataforma de locação, tem vários serviços agregados, tem suporte 24 horas de manutenção. São coisas que fazem com que a pessoa que utiliza não tenha tanta dor, até mesmo fazer contato com o famoso cara da NET para cancelar o serviço. Tirar todas essas dores do processo faz com que ele seja muito mais simples para quem está locando.
Quais as vantagens além do processo desburocratizado?
O fato de você locar um imóvel faz com que você consiga ter mais aderência ao seu estilo de vida. Se você quer morar perto do trabalho, você consegue locar bem localizado perto de onde você trabalha. Você tem a questão da documentação, você agiliza a forma como aluga, você tem uma série de benefícios embutidos nesse produto que agilizam o seu dia a dia. A gente tem uma plataforma de serviços integrada com patinete nos prédios, com parceria com DogHero para você ter alguém para passear com o seu cachorro quando você viaja, você tem lavanderia dentro do prédio. Tem vários serviços agregados, carro compartilhado, que fazem com que o seu dia a dia fique mais fácil. Não é apenas uma moradia, mas uma experiência de vida diferente.
Quem utiliza mais?
A gente vê muita gente fora de São Paulo, vindo para São Paulo numa transição de carreira. Tem gente que mora muito longe e procura um produto às vezes menor, mas bem localizado para não perder tanto tempo no trânsito. Tem gente de diversos pontos. Tem gente que vem a lazer e quer usar a ferramenta para ter uma experiência de casa, e não de hotel. É um produto bem flex. Se pegar o perfil, é muita gente que vem por questão de trabalho. Grande parte da nossa carteira de clientes é de quem mudou do modelo tradicional para a plataforma.
Financeiramente, é mais viável?
É um modelo bem eficiente. Todas as nossas unidades são equipadas, mobiliadas e decoradas. Equipadas com todos os itens de eletrodomésticos, toda a parte de enxoval, então, do ponto de vista de uma locação tradicional, é um pouco mais caro, mas você tem serviços agregados que complementam. Se você pega hoje um apartamento para alugar, você tem entrar com toda a sua mobília. Se você não tem, precisa fazer todo um investimento. O preço nominal parece ser maior, mas se você diluir isso no prazo do contrato, acaba sendo um investimento mais eficiente.
Vocês têm quantas unidades?
Tem mais de 300 operando em São Paulo. Fora isso, tem um pipeline (organização de processos) de entrega para o próximo ano de 1 mil unidades. Já tem uma carteira bem considerável de imóveis, e a gente já está captando imóveis de outras construtoras. É um produto que veio para ficar para todas as categorias de ativos, não somente os da Vitacon.
Estão todos ocupados?
Todos. A gente está com uma taxa de ocupação muito alta, acima de 85%.
Vocês estão mirando outras cidades?
Tem outras frentes que estamos negociando. Nordeste, Sul também. Tem coisas no Rio, Salvador, Porto Alegre, Curitiba. As principais capitais do país estão em processo de desenvolvimento de parcerias. A gente busca isso.
Esse modelo pode ser aplicado em Caxias?
Com certeza. Esse é um modelo que se encaixa em qualquer cidade brasileira. Cada cidade tem um perfil produtivo diferente, você tem uma indústria associada. Isso gera um fluxo de pessoas de fora, um fluxo de pessoas da própria cidade que buscam uma flexibilidade maior. É um produto que vem para atender a demanda de uma nova geração que entra no mercado, que entende que possuir não é tão importante. É um produto que se adequa a qualquer lugar. É bem flexível, com certeza, ainda mais em uma cidade rica como essa.