A presidente da Federasul, Simone Leite, não somente defendeu a importância da reforma da Previdência na reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul nesta segunda-feira (29) como convocou os empresários a se engajarem na causa.
Para ela, a aprovação da proposta do governo irá possibilitar o ajuste fiscal das contas públicas e a consequente retomada do crescimento.
— Nosso futuro depende da reforma da Previdência. Sem a reforma, nenhuma política se sustentará. Nós precisamos entrar nessa briga. A reforma da Previdência não é boa, mas é necessária — frisou.
Para a imprensa, Simone explicou que a reforma não é boa para grupos como dos trabalhadores da iniciativa privada, servidores públicos e agricultores que já contribuem e esperam se aposentar com determinada idade. A reforma, destaca ela, mexe com pontos individuais e estabilidade adquiridas.
Durante a entrevista coletiva, a presidente da Federasul também reforçou a necessidade de privatizações de empresas como a CEEE, o que ela já havia defendido durante a palestra, e de concessões de rodovias à iniciativa privada. Reforçou a importância do protagonismo dos empresários e de como o desenvolvimento econômico deve ser perseguido. Por fim, disse que o Porto de Torres é bem-vindo, mas não agora.
Confira os principais trechos:
Reforma da Previdência I
"Vivemos um momento de muita expectativa, de esperança e de grande otimismo. Só que para que a gente possa consolidar as políticas econômicas, que interferem diretamente na vida dos cidadãos, do empreendedor, precisamos fazer o ajuste fiscal. E o ajuste passa pela reforma da Previdência. É um grande momento para a sociedade se engajar na defesa desse projeto. A reforma da Previdência não é boa, mas é extremamente necessária. Nós não podemos condenar os nossos filhos e netos a pagar uma conta que não é deles. Hoje o déficit é muito grande, e a economia vive com base na confiança. Tem muito dinheiro parado, investimentos externos que devem vir para o Brasil, mas tudo isso vai acontecer no momento em que houver estabilidade econômica e, para que aconteça, a reforma precisa ser aprovada."
Reforma da Previdência II
"Ela não é boa, de forma geral, porque mexe com aquilo que já está hoje certo, do tipo: os trabalhadores vêm contribuindo e eles têm expectativa de se aposentar entre 50 e 65 anos. Isso vai mudar. Para o trabalhador do campo, isso muda também. Para os trabalhadores do setor público, isso também muda. Então, individualmente, a reforma mexe com as estabilidades adquiridas, por isso que ela não é boa. Agora, para a sociedade, ela é extremamente necessária, porque se não tivermos esse ajuste, esse R$ 1 trilhão de economia que vai advir dessa reforma, o Brasil não consegue fazer o ajuste fiscal e com isso ele passa a ser malvisto perante outros países, porque não temos estabilidade econômica. Os recursos são drenados para a Previdência, para cobrir um rombo que não está sendo equalizado. Então, é extremamente necessária, mesmo que mexa com alguns pontos individuais da vida de cada um."
Privatizações
"Precisamos ter mais recursos para termos mais investimentos. Isso só vai se dar quando a iniciativa privada entrar em campo. Nós precisamos privatizar empresas deficitárias como a CEEE, que deve R$ 1,2 bilhão de ICMS para os cofres públicos, que tem inúmeras reclamatórias trabalhistas e uma conta que é paga por nós, sociedade gaúcha. Tem outras empresas que precisam ser privatizadas e, especialmente, concessões à iniciativa privada no que diz respeito à infraestrutura precisam acontecer porque, com isso, a gente vai ter mais recurso circulando, mais postos de trabalho abertos e o ciclo virtuoso da economia vai girar."
Engajamento
"As pessoas são muito individualistas e buscam benefícios próprios. Essa é uma sistemática que está inserida na nossa sociedade. O que nós percebemos? De forma tímida, as pessoas começaram a participar mais nas últimas eleições. Colocaram adesivo no carro, vestiram a camiseta e o resultado foi esse: a eleição do Bolsonaro. Com isso, aumentou a expectativa e a esperança com relação a dias melhores para a pessoa enquanto trabalhador, para o empreendedor, para o profissional liberal. Só tudo isso se traduz na permanência desse engajamento. As pessoas precisam permanecer engajadas, nós precisamos sair detrás da mesa e ser protagonista dessa mudança, mexer com a opinião pública."
Desenvolvimento econômico
"Defendo que os empresários sejam mais protagonistas. A gente, muitas vezes, delega a responsabilidade e espera que alguém nos represente e volta para atrás da mesa e fica esperando que os resultados aconteçam. Nós precisamos participar mais da política, não da política partidária em si, de levantar uma bandeira e criticar os partidos que não são a nossa base, mas, sim, das discussões para que aqueles que estejam ocupando cargos públicos tenham uma chancela da maior parte da sociedade. Eu tenho dito que o desenvolvimento econômico precede o desenvolvimento social. Muitas vezes a gente levanta a bandeira da saúde, da educação, mas nós temos de entender que quem gera riqueza para fazer frente a todos esses projetos são os empreendedores, a classe produtiva. O empreendedor, através das suas iniciativas, e o trabalhador através do seu trabalho. E é isso que precisa ficar cada vez mais representado."
Porto de Torres
"Entendo que nós temos um caminho longo ainda para consolidar as operações do Porto de Rio Grande. Existe essa pluralidade, e é importante que nós tenhamos mais de uma opção, mas entre nós estarmos focados na construção de um novo porto, nós precisamos colocar toda a energia política nas obras, na necessidade de modernização do Porto de Rio Grande, na própria infraestrutura que leva ao Porto de Rio Grande e, na sequência, depois de consolidada essa operação, iniciar uma nova operação que é muito bem vinda para o RS."