Tecnologia que permite a interconexão de objetos dos mais variados tipos e possibilita a criação de residências, empresas e cidades inteligentes, a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) começa a ganhar força na Serra. Recentemente, empresas e entidades da região passaram a desenvolver uma série de iniciativas utilizando IoT. E, aos poucos, soluções serranas na área estão chegando no mercado.
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Desde novembro do ano passado, Caxias do Sul integra o mapa mundial da internet das coisas da organização The Things Network, que monitora comunidades de IoT ao redor do mundo. Isso foi possível por conta da instalação de três antenas que permitem a comunicação simultânea de até 30 mil equipamentos. A iniciativa foi realizada pelo Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação da Serra Gaúcha (Trino Polo), tendo os custos divididos por 20 empresas associadas.
– É uma rede pública e gratuita. A ideia é que as pessoas possam aproveitar essa infraestrutura para desenvolver seus próprios projetos de internet das coisas – destaca Thiarlei Macedo, diretor do Trino Polo.
As antenas estão instaladas em três pontos distintos da cidade, possibilitando que praticamente toda a zona urbana possa se conectar à rede. Além dos equipamentos colocados pelo APL, Caxias conta hoje com outras duas antenas de IoT.
Enquanto a estrutura para viabilizar o uso da tecnologia toma forma, surgem na cidade empresas para atender à crescente demanda por soluções de IoT. Até mesmo concorrentes têm somado forças para explorar esse nicho. É o caso da startup caxiense Datamon, criada no ano passado a partir da união de três outras empresas.
O novo negócio tem como principal produto uma plataforma de dados de IoT, que permite o monitoramento e a coleta de dados de equipamentos industriais. Um dos clientes da empresa utiliza a solução na fabricação de painéis de elevadores. A partir da colocação de sensores no equipamento, a plataforma digital consegue reunir informações e identificar eventuais problemas técnicos.
– No momento, temos três projetos com a plataforma. Tem muita empresa que desenvolve seus produtos, mas ainda não sabe como integrar com a nuvem, com esse mundo digital. Por isso, é um mercado com potencial (o de soluções de IoT) - aponta Marcos Freddo, um dos sócios da Datamon.
Em alguns casos, a tecnologia da Serra já é até exportada. A Manp Tecnologia, de Caxias, desenvolveu um controlador que se conecta com dispositivos de alimentação de animais nas fazendas. Desta maneira, o fazendeiro consegue fazer a gestão da propriedade de maneira remota e controlar aspectos como a localização dos equipamentos e o nível de ração nos silos. Atualmente, a solução está sendo utilizada em propriedades na Argentina, no Equador e em uma fazenda no Nordeste do Brasil. Há cerca de 200 controladores em campo.
A Manp também mira outros nichos e está trabalhando em soluções para segmentos como a indústria. Como a demanda por soluções de IoT tem crescido de maneira rápida, a empresa vai se mudar para uma nova sede nos próximos meses e pretende reforçar o quadro de funcionários. Hoje, a equipe conta com quatro integrantes.
– Vamos para um espaço maior justamente para contratar mais gente. No mínimo, três pessoas devem entrar neste ano. A ideia é crescer (em faturamento) 70% em comparação com o ano passado – projeta Rafael Piccoli, sócio da Manp.
O que é a internet das coisas
- A internet das coisas (IoT) é tecnologia de comunicação máquina a máquina (M2M) via internet, que permite que diferentes objetos, como carros, equipamentos industriais e até bens de consumo, compartilhem dados para realizar tarefas.
- Sensores e dispositivos eletrônicos são a base de funcionamento da internet das coisas, pois são eles tornam possível a comunicação entre as “coisas”. Além disso, é necessário um sistema de computação capaz de analisar os dados coletados e gerenciar as ações entre os objetos.
- O Gartner (empresa que analisa tendências na tecnologia) estima que, até 2020, produtos e serviços de IoT devem girar mais de US$ 300 bilhões ao ano.
Fonte: SAP