A internet das coisas (IoT) é tida como uma das tecnologias mais importantes para o futuro da indústria, tanto pelo impacto que ela deve gerar na rotina da linha de produção das fábricas como nos produtos que as empresas disponibilizarão ao consumidor final. Neste sentido, algumas companhias da região passaram a explorar as possibilidades geradas pela IoT, lançando no mercado produtos munidos de conectividade.
Um dos casos recentes na Serra é o da Soprano, de Farroupilha. A empresa criou uma fechadura inteligente, que permite controlar o acesso e monitorar detalhadamente a movimentação de uma residência. Todas as informações são armazenadas na nuvem e podem ser consultadas pelo dono da casa ou apartamento através de um aplicativo no celular. Os usuários cadastrados no sistema pelo proprietário ainda podem usar o dispositivo móvel como chave para acessar o ambiente.
O produto foi desenvolvido em parceria com startups do parque tecnológico da Unisinos, em São Leopoldo, e colocado no mercado no final de 2017. Para trabalhar o potencial da IoT nos seus produtos e atender à demanda crescente envolvendo casas e edifícios inteligentes, a Soprano criou uma unidade chamada smart. Hoje, a empresa farroupilhense tem duas linhas de fechaduras inteligentes e pretende criar uma série de novos artigos, todos voltados à segurança e acesso em residências.
– Pretendemos nos fixar neste mercado. Nos próximos cinco anos, imaginamos ter até 10 famílias de produtos diferentes (com IoT) – calcula Júlio Bortolin, coordenador da unidade smart da Soprano.
Outro ramo que está desenvolvendo iniciativas envolvendo IoT na região é o automotivo. A Marcopolo, no momento, tem como um de seus principais projetos na área a colocação de sensores nos ônibus produzidos em Caxias do Sul. A ideia é fazer o sensoriamento de partes do veículo, permitindo a coleta de dados sobre o desempenho. Assim, seria possível, entre outras coisas, saber se alguma peça apresenta desgaste ou se é preciso colocar água no tanque. A ação está em fase de testes.
– Ainda está na fase de engenharia, para entendimento de produto – ressalta Eduardo Kakuichi, analista de inovação da Marcopolo.
Kakuichi destaca que ações como esta podem ajudar a prolongar a vida útil de um ônibus. Além disso, também é possível aperfeiçoar a experiência de entretenimento dos passageiros, personalizando as opções de filmes para assistir na viagem, ou aumentar o nível de segurança. Através dos sensores, o motorista poderá saber, por exemplo, se há algum passageiro sem cinto de segurança afivelado.
Edifícios inteligentes
Um elevador que, quando fica preso em um andar, envia automaticamente uma mensagem para o técnico ir até o local resolver o problema. Um gerador que pode ser configurado para priorizar o fornecimento de energia a determinados ambientes de um prédio, durante uma situação de queda de luz. Um sistema de leitura automática de gás e água que permite identificar vazamentos e pode ajudar a reduzir o consumo do condomínio. Cenas como essas podem parecer algo de um futuro distante, mas estão se tornando cada vez mais frequentes graças a tecnologias como a internet das coisas. Começou a era das casas e edifícios inteligentes.
– É como se um prédio passasse a se comportar como uma pessoa, que tem poder para resolver os próprios problemas. Se o portão estragou, não precisa chamar o síndico para resolver. Com a internet das coisas, o próprio prédio se responsabiliza por chamar o técnico – exemplifica Gustavo Zolet, diretor da Neomot.
Sediada em Caxias do Sul, a Neomot atua com o desenvolvimento de projetos para casas e edifícios dotados de tecnologias como internet das coisas e inteligência artificial.
No momento, a empresa trabalha na implementação do conceito inteligente em seis prédios de alto padrão, três no Rio Grande do Sul e outros três em Santa Catarina. Um deles, inclusive, está sendo construído em Bento Gonçalves, no bairro Cidade Alta, e deverá ser entregue até o final deste ano.
Zolet constata que adicionar tecnologia ao prédio não impacta em mais de 5% do custo total da obra. Ainda assim, o dirigente lamenta que em Caxias ainda haja resistência quanto à implementação de ações deste tipo. Ele constata que, no momento, construtores de outras cidades se mostram mais abertos à colocação de soluções tecnológicas nos empreendimentos.