As frutas e verduras sem agrotóxicos ganham cada vez mais espaço junto ao consumidor. Na Serra, a produção de morangos orgânicos, por exemplo, cresceu 300% nos últimos cinco anos.
A colheita passou de 10 mil para 40 mil toneladas/ano. Neste ano, a previsão é chegar as 50 toneladas. Atualmente, 25 produtores estão certificados para produzir junto à Rede Ecovida de Agroecologia e outros seis em processo de certificação. Em 2013 eram 11 agricultores. E este mercado só tende a crescer.
O técnico do Centro Ecológico de Ipê, Leandro Venturini, acredita que a produção pode chegar a 100 toneladas nos próximos anos. Com a tendência de busca por alimentos orgânicos, o morango tem espaço garantido no mercado.
— Atualmente, a demanda está muito maior que a oferta. É uma fruta muito procurada, inclusive, por crianças. Com isso, mesmo com o salto na produção, ainda falta morango orgânico — observa.
A colheita feita nas propriedades da Serra é consumida em sua totalidade no mercado regional.
— É um investimento com retorno garantido — sinaliza o técnico.
Produtividade
O levantamento do Centro Ecológico de Ipê aponta para 128 mil mudas sendo cultivadas em 13 municípios da Serra. Devido às melhorias nas condições técnicas, a produtividade também aumentou. Há cinco anos, por exemplo, a produção por planta era de 300 gramas de fruta.
— Hoje, a média é de 500 gramas e, em algumas variedades, pode chegar a 800 gramas por planta — aponta Venturini.
As vantagens de cultivar morangos sem agrotóxicos, segundo o técnico, são várias. Além da grande demanda de mercado, a produção feita em ambientes fechadas (estufas) tira o risco de contaminação do agricultor. Os insumos utilizados não oferece riscos à saúde e permitem colheitas mais próximas.
"Faltou fruta para atender o mercado"
O cultivo de morangos orgânicos foi decisivo para manter o jovem Diego Sachet, 25 anos, no campo. Produtor da Linha Vicentina, interior de Farroupilha, ele exibe com orgulho sua plantação de 12 mil pés, que rendeu cerca de quatro toneladas da fruta.
— Foi bonito de ver — ressalta, referindo-se ao volume de pequenas frutas vermelhas que tomaram conta das duas estufas que mantém em parte das terras da família Sachet, que também produz uva orgânica.
Ele ingressou no ramo dos morangos orgânicos há três anos. Derrubou metade dos parreirais que cultivava em área aberta e apostou na nova cultura. Começou com cerca de 5 mil mudas. Hoje, já dobrou a quantidade e cultiva 12 mil plantas e duas áreas cobertas.
Além de produzir um alimento saudável e livre de agrotóxicos, o preço se mantém durante todo o ciclo, o que não ocorre na produção convencional que vê os preços despencarem nos picos de safra, que vai de setembro a dezembro, por exemplo.
O investimento que Sachet fez na estrutura custou cerca de R$ 100 mil e já foi pago. As quatro toneladas deste ano foram vendidas a R$ 20 o quilo _ pelo menos o dobro do valor dos morangos produzidos de forma convencional (com agrotóxicos).
— Faltou fruta. Se tivesse outros 4 mil quilos, venderia com facilidade — calcula o jovem agricultor.
Questionado se pretende ampliar o cultivo, a resposta é categórica:
— Não. Pretendo manter a qualidade e não quero depender funcionários. É muito difícil lidar com mão de obra externa.
Hoje, ele, a namorada, Naiara, e o pai, Sérgio, tentam dar conta do trabalho. A venda é feita diretamente na propriedade. Os compradores buscam a fruta no quiosque, localizado ao lado da plantação.
— Sem atravessadores — destaca.
Estudante de Agronomia, Sachet pretende diversificar o cultivo de frutas orgânicas. A próxima aposta vai ser no cultivo de figos.