O depósito da primeira parcela relativa ao pagamento de parte das dívidas dos ex-trabalhadores da antiga Voges Motores será feito nesta sexta-feira. A garantia é do acionista e advogado da compradora Biehl Metalúrgica Eduardo França e do advogado do Sindicato dos Metalúrgicos, Valdecir Souza de Lima, que intermediou a negociação.
Leia mais:
Sindicato dos Metalúrgicos pede anulação da venda da Voges
Impasse no pagamento da primeira parcela da venda da Voges em Caxias
Credores aprovam venda de unidade da Voges em assembleia
Segundo Lima, a decisão de fazer o depósito judicial foi tomada após encontro com o juiz responsável pelo processo, Clóvis Mattana Ramos, na tarde desta quarta-feira (21). O mais provável é de que seja depositado na Justiça do Trabalho. A partir daí, quem fará o gerenciamento dos recursos será o escritório responsável pela administração judicial do processo.
A agora, Eberle Motores, emprega atualmente cerca de 200 funcionários e, ao contrário do que afirmou o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos na reportagem publicada ontem no Pioneiro, os trabalhadores estão com os salários em dia.
— O pagamento aconteceu no quinto dia útil de novembro e nenhum empregado tem salário atrasado. Aliás, a motivação entre a equipe nos últimos 30 dias é fantástica, como não se via há muitos anos — relata o funcionário Joacir Rech, que trabalha na empresa há 42 anos.
A informação também é confirmada pela gerente de RH da Eberle, Ariele Bohn.
“O Sindicato esteve a par de tudo”
O advogado do Sindicato convocou a imprensa na tarde de ontem para reafirmar que todas as etapas do processo de compra e venda da Eberle Motores teve a anuência da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos.
Na terça-feira, a entidade divulgou uma nota pedindo a anulação da venda da empresa, devido ao descumprimento do acordo firmado. Entre os motivos, o não cumprimento por parte da Biehl do pagamento dos trabalhadores e de que o acordo seria lesivo aos trabalhadores, já que estes só vão receber cerca de 20% das dívidas.
— Não há acordo, há uma homologação da venda. O Sindicato esteve a par de toda a negociação. Não fiz nada sozinho — observa Lima.
Destacou ainda que os R$ 20 milhões (metade do negócio) serão destinados exclusivamente para os ex-trabalhadores.
— Se questionam, por que não apresentaram uma alternativa melhor? —questiona.
O negócio envolve as cifras de R$ 40 milhões. Destes, R$ 20 milhões são destinados para o pagamento dos direitos trabalhistas. Além dos R$ 2 milhões de entrada, outras 18 parcelas de R$ 1 milhão seriam repassadas para o acerto. São cerca de 2,5 mil famílias envolvidas.