Consumidores de energia elétrica de 373 municípios do Rio Grande do Sul têm até esta segunda-feira (15) para se manifestar junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre o pedido de agrupamento das distribuidoras RGE e RGE Sul.
O processo de audiência pública, aprovada pela Aneel, discute a proposta de fusão apresentada pelo Grupo CPFL Energia, controlador das duas empresas, ainda em março passado e também indicadores de qualidade na prestação do serviço. As opiniões e contribuições da sociedade devem ser enviadas pelo e-mailap042_2018@aneel.gov.br. Porém, a agência reguladora não disponibilizou ao público nenhum estudo técnico de impacto do agrupamento entre as duas concessionárias. E é para esta falta de informações que esclareçam a situação aos clientes e a iminência de novos aumentos na conta de energia elétrica que alerta o Conselho de Consumidores da RGE.
Leia mais:
Reajuste de 19,5% na conta de luz pode frear produção industrial na Serra Gaúcha
Conta de luz ficará mais cara na Serra
Contas de luz assustam consumidores em Caxias do Sul
Uma das principais preocupações da entidade representativa do consumidores reside na tarifa adotada com a provável unificação das áreas de concessão. Hoje, o valor do kW/h da tarifa residencial da RGE Sul, responsável pelo abastecimento de energia em 118 cidades gaúchas é de R$ 0,54732/KWH, enquanto a da RGE corresponde a R$ 0,52759/KWH, em um universo de 1,4 milhão de clientes espalhados por 255 municípios do Rio Grande do Sul.
— Há também uma questão bastante séria, que envolve especificamente a indústria. Na modalidade Verde A4, adotada por muitas empresas, a tarifa da RGE Sul, considerando uma carga típica, fica 7% mais cara no total. É uma combinação de fatores muito preocupante. A contratação de demanda na área da RGE Sul é 61% mais cara. E a operação fora da ponta, a mais utilizada pelas indústrias, justamente para fugir do horário de pico, é 10% mais cara na área da RGE Sul — alerta o presidente do Conselho de Consumidores da RGE, Claiton Gaieski Pires.
Impacto na economia local
Outro ponto colocado em pauta é a data base dos reajustes anuais da tarifa e a revisão tarifária, que acontece a cada cinco anos, de acordo com o que foi definido nos contratos da prestação do serviço público.
Pela proposta da CPFL, a RGE Sul absorverá a RGE e a sede administrativa será em São Leopoldo, onde hoje já funciona o Centro de Operações das duas distribuidoras e parte da estrutura administrativa. A RGE Sul passou a integrar a CPFL em outubro de 2016, quando foi adquirida do Grupo AES Brasil.
A Aneel ainda analisa o pedido do Grupo CPFL, que foi adquirido em janeiro de 2017 pela estatal chinesa State Grid. Caso seja aprovada a fusão, o termo aditivo no contrato de concessão da distribuição de energia entra em vigor no dia 1º de janeiro de 2019.
— O que nos espanta é que chegamos no limite do prazo de manifestação da sociedade e a Aneel não disponibilizou publicamente nenhum estudo do impacto regulatório deste agrupamento de concessionárias. Somos convidados a opinar, mas o impacto nas tarifas não nos é informado previamente. Um novo cálculo de tarifas será feito considerando toda a nova área agrupada e os ajustes nas tarifas serão feito escalonadamente até a próxima revisão tarifária — enfatiza Pires.
Ele destaca que existirão ganhos de escala e economias, mas a necessidade de investimentos pesados na área da RGE Sul, que estava muito carente de melhorias, vai exigir aportes por parte da controladora e todos da 'nova' concessão pagarão por estes investimentos, no caso os consumidores da atual RGE, onde os investimentos necessários vinham sendo feitos normalmente.
— É importante que a população e principalmente as associações de classe tomam ciência dos desdobramentos deste e de futuros agrupamentos, pois existirão reflexos nas tarifas com impactos na economia e na competitividade da região — lembra Pires.