Os caxienses já pagaram mais de R$ 317 milhões em impostos neste ano. Este valor foi registrado no início da noite desta quinta-feira no site “Impostômetro”, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que leva em conta os primeiros sete meses e nove dias do ano.
O valor em 2018 é 9,29% superior se comparado com o mesmo período de 2017, quando foram gastos R$ 290 milhões. Ou seja, os cofres da União já recolheram R$ 26 milhões a mais que em 2018, entre impostos, taxas, contribuições, multas, juros e correção monetária. O mês do ano que mais arrecadou foi janeiro, R$ 54 milhões (ver quadro abaixo).
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Emílio Andreazza, garante que não houve aumento nas alíquotas de impostos no período. A alta está baseada na eficiência da fiscalização com a era digital, no incremento da atividade econômica – no primeiro semestre cresceu 8% – e na abertura de novas empresas. Formam criados 4,3 mil novos empreendimentos nos primeiros seis meses do ano.
— Trabalhamos na desburocratização de processos para fomentar o empreendedorismo — destaca.
“Uma conta desleal”
Para os empresários, que sentem estes índices na pele diariamente, a conta é desleal. Ou seja, são muitos impostos para pouco retorno. Dono da Neograf, uma empresa de pequeno porte que fabrica máquinas de impressão tampográficas e laser, Gilvan Gressler já teve que recorrer a empréstimos bancários para poder manter o pagamento dos impostos em dia. Cerca de 30% do faturamento vai para o governo.
— Não me conformo em ter que pagar tanto. Não vemos este dinheiro retornar em benefício da população. Não sabemos para onde estes recursos vão — reclama.
Outra reivindicação do empresário é o complexo sistema que envolve a cobrança das taxas. Ele paga pelo menos cinco diferentes índices. Alguns deles, antecipado. O ICMS, por exemplo, está embutido na nota da compra da matéria-prima e na venda do produto.
— Pagamos antes de receber — aponta Gressler.
Para o empresário, este é um dos motivos de muitos negócios não conseguirem se manter no mercado.
— Se fosse bem aproveitado, certamente seríamos um país de primeiro mundo.
O Brasil ocupa da 30ª posição no ranking dos países em que os impostos trazem mais bem estar à sociedade. Em Caxias, segundo Andreazza, os resultados devem aparecer em breve.
Projeto ajuda a recuperar empresas
Apesar de Caxias não ter dados oficiais sobre o número de empresas que fecharam as portas nos últimos anos, o número de pavilhões e salas vazias fica evidente para quem as ruas da cidade. Para o empresário Gilvan Gressler, está cada vez mais difícil se manter no mercado. A Neograf, por exemplo, atua há 24 anos. Já empregou 50 funcionários e hoje, mantém seis. É uma luta diária, informa.
Por conta disso ele integra um grupo técnico da Microempa que auxilia empresas a se recuperar e sobreviver em época de crise. É o Projeto Fênix, criado há um ano para dar suporte a empresários conseguirem manter as finanças em dia. Geralmente os donos destes negócios são pessoas pouco informadas sobre pagamentos de impostos, por exemplo.
— Muitos não sabem quanto e quando pagar.
Formado por 17 voluntários especializados, os integrantes se reúnem quinzenalmente para definir as medidas que precisam ser tomadas junto às empresas participantes. O trabalho tem a duração de um ano em cada empresa, sendo seis meses de planejamento e outros seis de monitoramento de resultados. Tudo sem custos. O projeto está com fila de espera de empresas querendo usufruir dos serviços.