O desempenho da indústria caxiense fechou em alta de 25% nos primeiros quatro meses do ano comparado com o mesmo período de 2017. Lideranças do setor alertam, no entanto, que o cenário é de recuperação e não de crescimento real. Em relação ao faturamento de 2008, por exemplo, as perdas chegam a 50%. Os números foram apresentados na manhã desta quarta-feira pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs).
— Precisamos ter o pé no chão. Estamos comparado com a base de 2017, que foi muito fraca. Nossa referência é 2008 — destacou o presidente da entidade, Reomar Slaviero.
Nos últimos 12 meses, o setor registrou alta de 20%. Em relação a março, a queda foi de 6,25%. E a previsão para o mês de maio é de perdas de 25% no faturamento devido a greve dos caminhonheiros.
Em abril, o maior crescimento das receitas foram para as vendas dentro do Estado, 39%. Para fora do RS, o incremento foi de 25% e as exportações aumentaram 10,5%. O segmento automotivo puxou o crescimento com 31,5%.
Os empregos também acumulam alta nos primeiros quatro meses do ano. Foram criados 3.352 novos postos. Mas o saldo do desemprego ainda é alto no setor. De 2014 a 2017 foram fechadas 18,4 mil vagas. Ou seja, ainda faltam 16 mil vagas a serem recuparadas.
Cenário de incertezas
Está difícil fazer uma projeção da indústria caxiense para o resto do ano. Isso porque, além da greve dos caminhoneiros, a Copa do Mundo e as eleições deixam um rastro de incertezas no cenário econômico. O Simecs arrisca uma estimativa de faturamento de R$ 13,3 bilhões. Quase 7% a mais que 2017. Em 2008, foram R$ 22 bilhões.
O assessor de planejamento econômico do Simecs, Rogério Gava, sinaliza que a projeção pode não se concretizar se as receitas de maio caírem devido as paralisações.
— A produção industrial sentiu o abalo da greve e a queda no faturamento pode chegar a R$ 250 milhões em maio — aponta Gava.
O que está salvando a economia como um todo, segundo ele, é o agronegócio, que no primeiro trimestre cresceu 1,4% no país.