Pretinho ou pingado.Todo o dia, toda a hora. E no frio que chegou esta semana, mais ainda. O tradicional cafezinho passado ainda faz muito sucesso nas mais tradicionais cafeterias de Caxias do Sul. Com a chegada das baixas temperaturas, as máquinas que transformam o pó no líquido escuro ou pingado não param. As pequenas xícaras ou copinhos conhecidos como “martelinhos” também não têm folga. Donos de cafeterias e lancherias asseguram que a procura aumentou em mais de 40% na última semana.
Na Avenida Júlio de Castilhos, no centro da cidade, está um dos mais antigos e tradicionais bares de Caxias: o Bar 13. Por lá, no início da manhã, o pretinho é concorrido e os atendentes quase não dão conta dos pedidos.
— Perco a conta de quantos sirvo. São dezenas, centenas — diz o proprietário, Valmor Berzaghi, conhecido pela clientela por “Cabeça”.
Carro-chefe de muitos estabelecimentos, o cafezinho passado, que já sai da máquina adocicado, custa entre R$ 1,50 e R$ 2. Mais barato que o levantamento feito em 51 municípios brasileiros pela Associação Brasileira das Empresas em Benefício ao Trabalhador, que aponta Campo Grande (MS) e Canoas como as duas cidades que vendem o cafezinho mais em conta do país: R$ 1,76 e R$ 2,50, respectivamente.
Os comerciantes justificam que não aumentam o preço porque o produto é o chamariz do negócio.
— Os clientes vêm tomar o café e acabam consumindo outros lanches – justifica Berzaghi.
No Laranja Café, na Garibaldi, também no Centro, o cenário se repete. No início da manhã e no final de tarde, os clientes fazem fila para exaltar aquele que promete uma energia extra.
— Passa dos 150 por dia — garante a proprietária, Solange Bender.
Puro prazer
A forma e o motivo para beber café é bem pessoal. Algumas o fazem pelo simples prazer proporcionado pela bebida, outras pela necessidade da sensação de ânimo e disposição encontradas dentro de cada gota do líquido. Outras, ainda, pela sua versatilidade em acompanhar alimentos e conversas. É o caso do empresário Leandro Barichello. Ele não abre mão dos três cafezinhos por dia.
— Ele faz parte da minha rotina diária. Está associado ao bem-estar, ao ambiente agradável, à amizade — destaca.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), a explicação para este fenômeno se dá pela propriedade que o cafezinho tem de ser um item utilizado para aquecer e tornar o ambiente frio mais aconchegante e agradável.
Medidas certas e pitadas de amor
O aposentado José Valdir Duarte, 62 anos, é fã do pingado (misturado com leite).
— Sinto a necessidade de tomar um de hora em hora.
Ele marca ponto todos os dias no Big Lanches, no Calçadão da Praça Dante Alighieri. O gerente do bar, João Luiz Barbieri, 51 anos, consome pelo menos 10 quilos de pó de café por semana. A máquina com capacidade de cinco litros funciona durante todo o dia. A cada duas horas, o preparo recomeça.
E Barbieri não é o único. Na JC Lancheria (na galeria JC), a correria é grande, em especial no começo das manhãs. Cercado por lojas comerciais, o bar vende pelo menos 80 martelinhos por dia, e a cafeteira está sempre com café fresquinho.
– É preciso oferecer um produto de qualidade, que proporcione prazer – diz a proprietária Karla Lazzari Basso.
E qual o segredo para manter a procura em alta?
— Coloque as medidas certas de pó e água e acrescente pitadas de amor e carinho — ensina.
Café com graspa
Alguns dos mais tradicionais bares de Caxias também vendem o café com grapa ou “graspa.” É um destilado feito com a casca de uva e uma tradição na colônia italiana da Serra Gaúcha. Pode ser bebida pura, mas algumas gotas misturadas ao cafezinho preto esquentam o corpo nos dias frios. No Big Lanches, é só pedir que o forte aguardente é acrescentado gratuitamente. E os pedidos são muitos. Todos os dias.
— Os que experimentam aprovam. Mas tem que ser pura e na dose certa — lembra Barbieri.
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