Na próxima semana acontece em Gramado um dos maiores eventos da América Latina voltado a profissionais de recursos humanos. Atividades simultâneas, com palestrantes renomados e engajados no assunto “pessoas” prometem provocar reflexões e experiências inéditas. O Encontro Sul-Americano de Recursos Humanos 2018 (ESARH) tem como tema central Inspirar Pessoas para Potencializar o Coletivo e vai reunir participantes e palestrantes de pelo menos 10 países e 15 estados brasileiros. O objetivo, no entanto, é único.
— Apresentar tendências e práticas capazes de inspirar a potencialidade de cada indivíduo em prol de causas e propósitos coletivos — destaca a presidente da Associação Serrana de Recursos Humanos (ARH Serrana), Zilda da Silva.
Na programação estão nomes como o do escritor e jornalista paulista Clóvis de Barros Filho, o médico e especialista em educação corporativa Eugenio Mussak e o estudioso em cultura digital Gil Giardelli. Tem ainda outros profissionais que vão ministrar e apresentar dezenas de conferências, talkshows, palestras interativas e seminários durante os três dias de evento.
— São atividades simultâneas, com palestrantes engajados com o tema, além de blocos temáticos — afirma a vice-presidente de ESARH da ARH Serrana, Carla Silvana Rodrigues Camelo.
São esperados mais de 1,2 mil representantes de todos oss setores da economia brasileira e sul-americana. Durante o evento ocorre a Expo ESARH, onde milhares de profissionais circulam em um espaço com as novidades sobre serviços e tecnologias do setor. Também será entregue o Prêmio ESARH, que reconhece e incentiva as melhores práticas de Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental.
“Sobra emprego para profissionais que pensam estratégias”
Gil Giardelli, 44 anos, figura entre os maiores estudiosos da Cultura Digital do Brasil e talvez do mundo. Seu currículo é extenso. Tem um intenso trabalho com robótica, é web ativista, vencedor de diversos prêmios internacionais na área de inovação e tecnologia e integrante da World Futures Studies Federation (WFSF), ONG dedicada a estudar o futuro e pensar soluções para o planeta. Na próxima terça-feira, às 18h, ele vai palestrar no Encontro de Recursos Humanos, em Gramado.
Vai falar das novas tecnologias e de como os trabalhos estão virando digitais. O ser humano, segundo ele, ainda está no centro de tudo. Ele assegura que os mundos real e virtual cabem um dentro do outro. Confira algumas ideias compartilhadas pelo palestrante.
A transformação digital está presente em todas as áreas de uma empresa. Como as novas tecnologias estão transformando as relações trabalhistas?
Gil Giardelli: Os tempos são de mudanças, de estratégias em complexidade, velocidade e conectividade. Trocam-se empregos chatos de apertar parafusos por empregos em rede de alto coeficiente emocional, espiritual e intelectual. No universo da gestão de pessoas, teremos que capacitá-las para que possam equilibrar a gestão do presente, a inovação e o futuro. Os gestores de pessoas criarão caminhos para que os profissionais saibam utilizar a sociedade em rede e, assim, ganhar produtividade e tempo para que possam aprender, ensinar e criar coletivamente.
Em pouco tempo, homens e robôs vão precisar trabalhar juntos, lado a lado. Como isso vai mudar a vida das pessoas no trabalho?
As máquinas inteligentes, que tomam decisões baseadas em dados, serão as parceiras ideais do profissional do conhecimento. Quando unirmos as interações homem-máquina e a inteligência mecânica com o melhor da inteligência coletiva chegaremos a uma nova Era do Trabalho. Saem os ferramenteiros e entram os estrategistas, sai o líder “mão na massa” e entra o líder inovador. Quando homens e robôs trabalham juntos, o que prevalece são ideias, não objetos; mente, não matéria; bits, não átomos; e interações, não transações.
A robotização da indústria e de várias carreiras vai acontecer. Trabalhos manuais, que não exigem intelecto humano, vão ser feitos por máquinas. A concepção de um carro será feita por um humano, um designer, mas para a montagem você não vai precisar mais de operários. Isso já está acontecendo no Brasil. Na fábrica da BMW em Santa Catarina, são pouquíssimos profissionais, é tudo robotizado. Está sobrando emprego para pessoas que pensam estratégias. Nós vamos ter que mudar nosso modelo mental de trabalho. Precisamos voltar a ler mais, estudar mais, discutir coisas mais profundas. É esse pensamento que devemos ter.
Qual o papel da tecnologia para melhorar a situação da corrupção?
A tecnologia traz uma transparência radical nas transações. Tudo está na internet. Mas temos que educar e capacitar as pessoas para aprenderem a ler esses dados. Quem souber lê-los terá uma vantagem muito grande. Os pilares disso são: pensamento estratégico de futuro, educação de alto impacto e transparência radical. Não existe mais segredo para ser guardado.
Serviço
O que: Encontro Sul-Americano de Recursos Humanos 2018 _ ESARH
Quando: de 14 a 16 de maio
Onde: Centro de Exposições e Congressos ExpoGramado
Informações: esarh.com.br e (54) 3228-7332