Começou a corrida pela compra do material escolar. As lojas do segmento estão com movimento intensificado. Pais e filhos buscam nas gôndolas as melhores opções para a imensa variedade de produtos que o mercado oferece. Em tempos de crise, a ordem é economizar. E é possível comprar por menos. Um único item pode custar até 840% menos.
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Entre os vilões estão as mochilas. Produtos similares podem saltar de R$ 80 para R$ 300. Só porque carregam a marca licenciada de personagens famosos, como Minions, Frozen ou Miraculous, em evidência na mídia. Eles fazem a diversão da garotada e, em muitos casos, conseguem convencer os pais a comprar a mochila da marca.
O gerente da loja Papy Toys em São Pelegrino, Kleber Mortari, diz que esta cena é comum nos corredores.
— Dá para reduzir o custo da lista escolar pela metade. E sem influenciar na qualidade — orienta.
Se analisado detalhadamente, é possível perceber que o material utilizado se equipara. O que diferencia é o desenho famoso. Duas mochilas que estampam a personagem do filme Frozen são vendidas com mais de R$ 200 de diferença. Só que uma delas carrega a carga do pagamento dos direitos autorais dos personagens do filme congelante (ver foto). Na linha juvenil, a história se repete. Nesta faixa etária, pesa o estilo. Uma atraente mochila de tecido em tons rosa custa R$ 60. Ao lado, outra com as mesmas nuances, da Tilibra, custa R$ 365 (ou 500% a mais). Só neste item, é possível economizar o valor inteiro de uma lista básica de material de uma escola pública.
A mesma situação se repete na escolha de cadernos, borrachas, apontadores e canetas. Há diferenças de preços exorbitantes. Um item que também surpreende são as réguas. Composta do mesmo material, a mais em conta custa R$ 1,80 e a mais cara R$ 17. A diferença? O símbolo da série de filmes Star Wars (Guerra nas Estrelas).
Negociar com os filhos é a melhor saída
A negociação é a melhor saída na hora da compra. Essa é a orientação do coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira.
— O ideal é conversar com os filhos antes de sair às compras, explicando a situação em que a família se encontra e quanto poderão gastar Caso contrário, é melhor ir às compras sem as crianças — recomenda.
A vendedora da Livraria Rossi Lisiane Munari revela que o consenso entre pais e filhos está em evidência este ano. Principalmente para famílias com poder aquisitivo menor e que, geralmente, estudam em escolas municipais ou estaduais.
— Os alunos estão mais ligados à crise e acabam optando por produtos mais baratos — aponta.
O mesmo não acontece com crianças e jovens que estudam em escolas particulares. Os itens de marca, segundo a vendedora, são consumidos em sua maioria por este público. Nas listas das escolas, a diferença também pode ser exorbitante. Enquanto nas públicas, a soma total varia de R$ 200 a R$ 500, nas particulares, pode chegar a R$ 3 mil.
A aluna Natália Menezes Nogueira, 10 anos, negociou com a mãe, Betânia, a compra dos lápis e cadernos. Ela não abre mão de suas marcas preferidas e argumenta que sua escolha facilita na hora de escrever e pintar.
— As pontas são mais macias — argumenta.
Pesquisa mostra redução nos preços
O Procon Caxias do Sul realizou uma pesquisa de campo em quatro estabelecimentos de material escolar na área central da cidade para verificar o preços.
Foram coletados valores de 17 itens nas livrarias, trazendo preços mínimos e máximos. Em comparação com o levantamento realizado no ano passado, oito produtos estão mais baratos e quatro mantiveram o valor no quesito preço mínimo.
Entre os itens com redução no preço, estão: cadernos de capa dura com 200 e 100 folhas, lápis preto, borracha e tesoura. Já os cinco produtos que apresentaram alta foram: cola líquida e de bastão, estojo, régua e apontador, sendo este último o produto com maior aumento em relação a 2017.
Apesar dessa pequena redução, o Procon destaca o impacto das compras de materiais escolares no orçamento doméstico. Por isso, a orientação mais repassada pelo órgão é pesquisar e negociar os preços.
— Pesquisar e barganhar são as únicas defesas do consumidor nesta época de compra de materiais escolares. Às vezes, até mesmo na própria livraria é possível encontrar produtos mais em conta. E como são muitos itens na lista, dá para negociar um desconto no valor final da compra — ressalta o coordenador do Procon, Luiz Fernando Horn.