Para a safra 2017/2018, o preço mínimo a ser pago pelo quilo da uva industrial será de R$ 0,92. O valor se refere à variedade Isabel de 15 graus Babo. A definição foi feita pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão do Governo Federal, e publicada na última sexta-feira no Diário Oficial da União, por meio de portaria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O índice é o mesmo praticado no decorrer de 2017.
Válido para as regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, o preço vigora a partir de 1º de janeiro de 2018 e será praticado até 31 de dezembro do mesmo ano.
O presidente da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), Oscar Ló, define que houve “bom senso” por parte do governo ao manter a tabela do ano passado.
– Como no ano passado houve acordo para reajuste de 18% no preço mínimo, acima da inflação, neste ano acordamos a manutenção do valor – aponta Ló.
O dirigente lembra que, neste ano, o setor teve uma safra recorde, de 750 milhões de toneladas de uva, e havia o receio de que sobrasse fruta em estoque. Agora, o cenário mudou. A próxima colheita deverá sofrer redução de até 20%. Com isso, a perspectiva é por um montante em torno de 650 a 700 milhões de toneladas, conforme projeção do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).
Na percepção dos agricultores, o valor definido pelo governo ficou abaixo do ideal. O coordenador da Comissão Interestadual da Uva e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Farroupilha, Márcio Ferrari, destaca que os trabalhadores pediam um preço mínimo na casa de R$ 1,01.
– São nove centavos que vão faltar no bolso do agricultor, que tem tido aumento de custos para produzir – diz Ferrari.
O presidente do Ibravin, Dirceu Scottá, reconhece que o setor gostaria de remunerar melhor a matéria-prima, mas recorda que o segmento vitivinícola vive um momento ruim.
A venda de suco de uva cresceu, em 2017, abaixo do esperado. A comercialização de vinho nacional vem em queda, e a participação dos importados no mercado brasileiro tem subido.
Diante da pressão dos artigos estrangeiros, a manutenção do preço da uva representa uma pequena contribuição na competitividade.
– O valor da uva é um dos integrantes do preço do produto. Claro que não é só isso que gera acréscimo (no preço final) – lembra Scottá.