Empresas da indústria metalmecânica e do plástico e de segmentos do setor de serviços como restaurantes e contabilidade estão concedendo férias coletivas para seus funcionários nos próximos dias. O motivo principal é a queda nos negócios que, em alguns casos, é estimada em 50% devido às festas de final de ano.
Com 32 mil trabalhadores, o setor metalmecânico deve conceder férias coletivas para cerca de 50% dos seus funcionários entre os meses de janeiro e fevereiro, segundo o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs). O diretor executivo da entidade, Odacir Conte, conta que, em função da crise, muitas empresas promoveram um processo de antecipação das férias de 2018.
– Nas próximas semanas cerca de 16 mil trabalhadores estarão em férias. Muitos trabalhadores já receberam férias antecipadas – diz ele.
Segundo Conte, um levantamento com 45 empresas do setor identificou que de 65% a 75% das indústrias estão com a capacidade de produção ociosas. Ela ressalta que algumas empresas já analisam a possibilidade de antecipar as férias de 2019.
Entre as maiores indústrias do segmento, as Empresas Randon definiram o período de férias coletivas de forma escalonada para seus mais de 7 mil funcionários.
A Randon Implementos, Randon Veículos, Fras-le, Suspensys, Suspensys WE, Castertech, Master e JOST Brasil deverão interromper as atividades entre 10 a 20 dias. As datas de saída foram concentradas entre os dias 18 e 26 de dezembro. Segundo a assessoria de imprensa da Randon, o período de férias vai respeitar as características e as demandas de cada unidade.
– Em sintonia com seus principais clientes as Empresas Randon concederão férias de forma escalonada – diz a nota da assessoria.
Marcopolo para 4 dias
Neste ano, a Marcopolo decidiu não conceder férias coletivas a seus cerca de 8 mil trabalhadores. O motivo são os pedidos de ônibus para o mercado interno e externo (foto). Com um grande volume de produção de ônibus rodoviários, a Marcopolo definiu uma paralisação somente nos dias 24 e 25 de dezembro e nos dias 31 de dezembro e 1º de janeiro de 2018.
– A Marcopolo está com a carteira cheia até fevereiro. Nos demais dias deste ano e de janeiro de 2018, a produção será normal, assim como as atividades das áreas administrativas – diz a nota da assessoria de imprensa da Marcopolo.
No final de janeiro, a unidade Planalto da Marcopolo vai interromper a produção normal para antecipar a fabricação de modelos Volare. Segundo o CEO da companhia, Francisco Gomes Neto, em entrevista concedida ao caderno + Serra, uma das razões das férias coletivas é a transferência da produção dos ônibus Volare da fábrica Planalto para a estrutura da Neobus, em Ana Rech.
Movimento de restaurante reduz até 50%
Outro setor que também concederá férias coletivas é o de serviços. Na área da alimentação, boa parte dos restaurantes de bufê a quilo e galeterias da cidade devem fechar às portas entre o Natal e o Ano Novo. Com mais de 1,2 mil associados, o SEGH (Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria Região Uva e Vinho) reuniu informações sobre o funcionamento de apenas 48 estabelecimentos.
Luciano Zanotto, 42 anos, um dos proprietários da Galeteria Vêneto (foto acima), vai para a vigésima edição das férias coletivas do restaurante.
Segundo Zanotto, o principal motivo é a diminuição do número de clientes, que chega a 50% neste período do ano. O empresário conta que já percebeu a redução do movimento no período do meio-dia e que, durante a noite, a maioria dos clientes são grupos de empresas que realizam confraternizações.
– Quase todas as galeterias da cidade fecham neste período. Quem fica aberto terá um aumento (de movimento), porque haverá concentração de clientes nos poucos lugares que vão trabalhar.
Zanotto diz que a grande maioria de seus clientes são funcionários de empresas de fora da cidade que vêm a Caxias a trabalho e, como essas empresas vão conceder férias coletivas, seu movimento diminui naturalmente.
– Tem clientes que reclamam que vamos fechar, mas vale a pena parar por oito a 10 dias. Também precisamos descansar um pouco – justifica.
Apenas as de maior porte no setor do plástico irão trabalhar
Uma amostragem do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás) revela que a maioria das micro e pequenas indústrias do segmento devem conceder férias coletivas para seus funcionários. Já as grandes empresas devem continuar a produção para atender à demanda. Na região, 95% do setor são compostos por empresas micro, pequenas e familiares.
Conforme o Simplás, a Acrilys, com 370 funcionários optou por não dar férias coletivas para seus trabalhadores. A Soprano, de Farroupilha, vai promover férias escalonadas. Outras 10 empresas que têm entre 100 e 170 trabalhadores também optaram por dar férias coletivas.
O presidente do Simplás, Jaime Lorandi, ressalta as características das empresas do setor na região, com predomínio de micro e pequenas indústrias, e a maioria delas familiares. Segundo Lorandi, cada empresa decide como proceder na questão das férias, mas ressalta que as de maior porte, com maior número de funcionários, não vão parar neste período. É o caso da Marcopolo, cujo setor de plásticos, atingido pelo incêndio de setembro, possui 600 funcionários que não irão ter férias coletivas.
– Já é um indicativo importante de crescimento de demanda e possível melhora na economia – afirma Lorandi.