Planejamento foi uma das palavras mais ouvidas durante o Seminário sobre o Desenvolvimento Econômico e Social de Caxias do Sul, que reuniu mais de 100 pessoas neste sábado no Bloco J da UCS. Representando diversas instituições engajadas no movimento Mobilização por Caxias, os participantes debateram problemas, identificaram gargalos e propuseram soluções.
Entre as sugestões, que devem pautar os próximos passos do movimento, estão desde diretrizes bem abrangentes, como uma reorientação da matriz econômica da cidade, até ações mais pontuais, como a instituição do Fundo Municipal do Turismo e a transferência da estação rodoviária para um local mais adequado, com previsão de interligação do sistema de transporte coletivo da cidade e da região.
— Queremos planejar a Caxias do futuro — definiu o empresário Carlos Zignani, vice-presidente de Indústria da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC).
Após uma manhã de discussões em grupos temáticos, à tarde foram apresentados os relatórios de cada área — desenvolvimento econômico e social, agronegócio, ambiente amigável aos negócios e atração e manutenção de investimentos, infraestrutura, cidades inteligentes, indústria, poder e representação política, empreendedorismo, turismo, plano diretor e mobilidade urbana, comércio e serviços, assuntos comunitários, educação, saúde e segurança.
Alguns diagnósticos se repetiram, entre eles a necessidade um maior engajamento da comunidade como um todo, independente da área.
— É preciso uma conotação de comunitarismo. Não pode ser uma ação isolada da CIC, da UCS, etc — avaliou Astor Schmitt, da diretoria de Economia, Finanças e Estatísticas da CIC e entusiasta da mobilização.
Na lista de problemas que desafiam o grupo — e a sociedade caxiense — apareceram, por exemplo, o conservadorismo e a falta de cultura de inovação, a ausência de visão estratégica, o individualismo, a burocracia e a pouca integração entre poder público e iniciativa privada. A ausência de um plano voltado ao turismo, que atravesse administrações, também foi pontuada, assim como os poucos investimentos na área.
— Tenho convicção de que nos próximos 30 anos o turismo será a salvação da lavoura em Caxias do Sul — declarou o vereador Gustavo Toigo ao apresentar as propostas do seu grupo de trabalho, que incluem a construção de um Plano e de um Fundo Municipal de Turismo, a revitalização e ampliação dos atrativos e a captação de recursos.
Na área de infraestrutura, destacam-se entre as propostas a racionalização da estrutura viária, o incremento do transporte coletivo, a instrumentação para o Aeroporto Hugo Cantergiani e a reativação das linhas de trens para passageiros, cargas e turismo também foram debatidas. No caso dos trens, o relatório deixa claro que devem ser "modernos", e defende um projeto de ligação regional com a ferrovia norte-sul, de interligação de todos os Estados.
Festa da Uva e Maesa
No relatório do grupo voltado aos assuntos comunitários, também foi destacada a necessidade de maior engajamento, participação e planejamento estratégico, passando por cima das diferenças. Sobre a Festa da Uva, a avaliação é de que ela deve continuar como o "cartão de visitas" de Caxias, mas também avançar, buscando a profissionalização e, talvez, a privatização, sem perder o espírito comunitário.
Sobre a ocupação da Maesa, a diretriz foi de que seja realmente um espaço de convivência comunitária e de promoção da cultura, e não meramente sede de secretarias e entidades.
Próximos passos
Para Astor Schmitt, o seminário foi o primeiro passo de um processo maior:
— Caxias vêm, há algum tempo, apresentando sinais de perda de dinamismo econômico. Isso tem sequelas em todas as áreas, e é preciso encaminhar soluções. Agora, será preciso filtrar as propostas apresentadas, transformá-las em ações imediatas e estruturar um órgão gestor para monitorar sua aplicação — enumerou, prevendo a conclusão desse segundo passo para o início de 2018.
Futuramente, a ideia é a constituição de um Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, igualmente envolvendo os mais variados segmentos da sociedade caxiense.
— Hoje, vi gente da academia, da comunidade, empresários, políticos, professores. Esse foi um primeiro passo de um processo que deve ser comunitário.