Mesmo em meio à recessão dos últimos anos, o cooperativismo gaúcho tem motivos de sobra para comemorar. As cooperativas espalhadas pelo Rio Grande do Sul vêm conseguindo incremento em todos os indicadores relativos a ingressos, patrimônio, lucro e ativos. De acordo com o Sindicato e Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul (Ocergs), o faturamento do setor em 2016 foi de R$ 41,2 bilhões em 2016, incremento de 14% frente ao ano anterior.
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Quando a crise econômica vira potencial de negócio
– O cooperativismo mostra resiliência durante a crise. As pessoas se unem mais, se fortalecem coletivamente e começam a trabalhar mais juntos – acredita Vergilio Perius, presidente do Sistema Ocergs-Sescoop no Rio Grande do Sul.
Na comparação com outros estados brasileiros, o Rio Grande do Sul ocupa as primeiras colocações em uma série de quesitos ligados ao cooperativismo. É o segundo estado do Brasil com mais associados em cooperativas, com total de 2,8 milhões de pessoas. Também é a terceira unidade federativa em número de empregos. Na contramão de um mercado de trabalho que demite cada vez mais, as cooperativas gaúchas fecharam 2016 com 58,9 mil empregados. Em comparação com 2015, foram criadas mais de 100 novas vagas.
O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio de Freitas, lembra que o crescimento das cooperativas é motivado, entre outros fatores, pelo fortalecimento da economia colaborativa, na qual as pessoas podem ter maior poder de decisão.
– As cooperativas conseguem resolver problemas sociais através de soluções econômicas. Elas estão presentes nas comunidades e geram resultado na comunidade em que estão presentes. Elas não levam seu capital para o exterior e nem fazem especulação financeira – aponta Freitas.
Agropecuária lidera o ranking
O Rio Grande do Sul conta com 420 cooperativas em 13 segmentos, sendo que 77% das unidades estão nas áreas de agropecuária, crédito e saúde. O setor primário é o que possui a maior estrutura, com um faturamento de R$ 25,4 bilhões, expansão de 34,6% nos últimos três anos. O ramo conta com 126 cooperativas, das quais 41 delas possuem agroindústria, o que permite beneficiar os alimentos e gerar maior valor agregado.
– Os últimos cinco anos de safras boas deram impulso para toda a agropecuária. E as cooperativas foram beneficiadas com isso – destaca Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro-RS).
O segundo setor mais representativo no Estado é crédito. As 84 cooperativas nesse nicho obtiveram R$ 8 bilhões em receita no ano passado, expansão de 18% frente a 2015. Já o terceiro lugar fica com a área da saúde, que conta com 58 cooperativas e acabou tendo ingressos na casa dos R$ 5,9 bilhões, expansão de 9% na comparação com a temporada anterior.
Serra tem 59 cooperativas
Atualmente, a Serra conta com 59 cooperativas, configurando-se na terceira região do Rio Grande do Sul com mais unidades. À frente estão o Noroeste (129) e a região metropolitana de Porto Alegre (123). Assim como acontece no Estado como um todo, quem puxa o desempenho serrano é a agropecuária. Ao todo, 27 das unidades são ligadas ao setor.
Uma das atividades com maior representatividade no cooperativismo serrano é a vitivinicultura. Hoje, são seis cooperativas nesse grupo. O número já foi maior, mas, nos últimos anos, uma série de fusões criou estruturas mais encorpadas. É o caso da Nova Aliança, com sede em Flores da Cunha, que surgiu a partir da união de cinco cooperativas.
Segunda maior no segmento vitivinícola (a maior é a Aurora), a Nova Aliança conta com 850 associados e faturou R$ 160 milhões em 2016, crescimento de 20% frente ao ano anterior. Apostando principalmente na fabricação de suco de uva, a agroindústria deve seguir o ritmo de expansão neste ano.
– No primeiro semestre de 2017, não tivemos um cenário tão bom, mas a expectativa é que melhore no segundo semestre. Nossa meta é crescer, pelo menos, 5%. Mas dá para buscar mais que isso – salienta Alceu Dalle Molle, presidente da Nova Aliança.
A área onde o cooperativismo deu seus primeiros passos, no entanto, é a de crédito. A Sicredi Pioneira, sediada em Nova Petrópolis, foi a primeira cooperativa de crédito da América Latina e a primeira a surgir em solo gaúcho. Com 115 anos de atuação, a unidade gerencia uma carteira de crédito que chega aos R$ 800 milhões, no primeiro trimestre de 2017. Em todo o Rio Grande do Sul, o chega R$ 15 bilhões o montante administrado pelo Sicredi.
– Na região da Serra temos 120 mil associados, em 21 municípios. Somente em Caxias do Sul são 35 mi l – conta o presidente da Sicredi Pioneira, Márcio Port.