Há mais de uma década trabalhando com exportação, a Casa Valduga se prepara para dar um novo e grande passo fora do Rio Grande do Sul. A vinícola de Bento Gonçalves está construindo uma fábrica no Chile, com previsão de inauguração no final de 2017. Com esse investimento, a marca vai se tornar a primeira brasileira com produção própria de vinhos em solo estrangeiro.
- Já colocamos a primeira pedra. Acredito que até o final do ano devemos dar o passo inicial (para começar a produção) – destaca Juarez Valduga, presidente do grupo Famiglia Valduga.
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Apesar de não revelar números, Juarez Valduga garante que o aporte na estrutura chilena será pesado. A empresa está conduzindo a iniciativa por conta própria, sem contar com outro sócio estrangeiro.
Em reunião-almoço com empresários caxienses, na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC), nesta segunda-feira, Juarez enfatizou que a ideia não é importar vinhos para o Brasil. No entanto, ressaltou que a Serra pode ser mais competitiva na produção de espumantes e de sucos de uva.
O empresário, inclusive, defende que as vinícolas da região somem forças para encontrar um nome próprio para o espumante gaúcho, o que abriria novas portas para o produto ao redor do mundo. Seria algo semelhante ao que fez a Espanha, que popularizou a nomenclatura cava para a bebida feita, principalmente, na região da Catalunha.
Com a planta chilena focada na produção de vinhos, o presidente ressalta que a ideia é aproveitar o potencial de um país onde a companhia já tem vinhedos. Segundo o empresário, às vezes o excesso de chuva traz prejuízos à uva da Serra voltada para a fabricação de vinhos finos.
- Não podemos ficar à mercê de, em cada 10 safras, duas serem boas – sinaliza.
Diversificar para crescer
O investimento na vinícola no Chile é apenas uma das iniciativas que o grupo Famiglia Valduga vem conduzindo. Juarez Valduga enfatiza que a empresa busca a diversificação das fontes de receita, para "não colocar todos os ovos na mesma cesta”. Nesse sentido, nos últimos anos, o grupo criou uma cervejaria, que já gera 300 mil unidades da bebida ao ano, e passou a fabricar cosméticos com base nas sobras de uvas.
- Do bagaço da uva podemos fazer uma cachaça, a grapa, e dela fazer licores. Da semente da uva podemos fazer azeite e do azeite os cremes com base na semente da uva. Sempre estamos com dois ou três projetos na frente. É olhar as oportunidades que estão na nossa frente e criar – constata Juarez Valduga.
Uma das próximas tacadas da empresa será o início da fabricação de chás. O objetivo é colocar no mercado três tipos da bebida, cada um deles com produção de 1 mil unidades em garrafas.