Ansiedade, expectativa, nervos à flor da pele, desespero por informações. Assim foi o clima na tarde e início da noite de hoje nos corredores do Uniftec Centro Universitário, em Caxias do Sul.
Cerca de 10 salas de aula ficaram lotadas ainda pela manhã de candidatos em busca de uma das 100 chances disponíveis em 33 áreas. Pelo menos 2,5 mil pessoas passaram pelo Centro Universitário para disputar uma possibilidade de retornar ao mercado de trabalho, segundo a coordenadora do curso de Tecnologia e Gestão de Recursos Humanos do Uniftec, Caroline Tolazzi.
Quando o auditório abriu as portas, às 16h, para começar o cadastramento, longas filas tomaram conta do espaço. Cerca de 10 agências de emprego e empresas avaliavam currículos e encaminhavam para uma das vagas disponíveis. Desde operadores de máquinas, passando por vagas de gestão, TI, estética, almoxarifado, etc.
– Não esperávamos tanta gente. Estamos surpresos – declarou a Ana Cecília Petersen, do setor de Carreiras e Oportunidades do Uniftec.
A ação foi promovida pelo Uniftec Centro Universitário que convidou empresas e agências para reunir em um só local oportunidades de cadastrar currículos e encaminhar trabalhadores ao mercado. Além das agências de empregos participaram do evento as empresas Intral SA Indústria de Materiais Elétricos, Petenatti, Keko Acessórios, RGES, Elevasystem, Eletrotec e Sinalsul.
O cenário presenciado ontem é uma pequena parte do retrato do desemprego caxiense. Dados oficiais do Caged apontam para mais de 20 mil postos fechados desde 2013. Aliados a esse número somam-se mais de 7 mil jovens que ainda não conseguiram entrar no mercado de trabalho e não tem sua carteira de trabalho assinada.
Ontem, no meio à multidão a maior parte era de rostos jovens, ansiosos por um trabalho. Era o caso de Amanda Barbosa Demertini (na foto, à esquerda), 19 anos. Ela e a mãe, Sandra Ferraz, 40, estavam lutando juntas por um lugar no mercado.Amanda sonha em cursar Pedagogia.
A mãe aceita ser auxiliar de limpeza ou qualquer outra coisa. Com mais um filho de sete anos, quem paga as contas básicas é o marido, aposentado por invalidez. A filha já entregou mais de 10 currículos. A mãe já passou de 200.
– Só prometem, mas ninguém chama – garantem mãe e filha.
Amanda está terminando o terceiro ano do ensino médio, já fez cursos de tecnologia e áreas da saúde. Hoje ela estava de olho em uma vaga de auxiliar de almoxarifado.