Após amargar um 2016 de perdas, os produtores de uva devem colher bons resultados neste início de ano. A estimativa é de uma safra que fique em torno de 600 milhões de quilos em todo o território gaúcho, o que é considerado dentro da média pelo setor. No ano passado, a produção, prejudicada pelo clima, foi de 304 milhões de quilos, metade do que os agricultores estavam acostumados a colher. A quebra foi de 65% em relação à temporada anterior, que foi a maior da história (com 855 mil toneladas).
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Em Caxias, cidade com 4 mil hectares de parreiras e que representa cerca de 10% da produção do Estado, a expectativa é de cerca de 60 milhões de quilos de uva. Apesar da boa projeção, conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Rudimar Menegotto, os agricultores têm reclamado da baixa produção da variedade Niágara:
– Todos reclamam que tem pouca uva. Mas a Isabel e a Bordô estão dentro do normal.
Embora o forte da safra seja final de janeiro e início de fevereiro – em pontos mais altos de Caxias, os cachos ainda estão verdes –, em locais mais baixos, como na localidade de Nova Palmira, a colheita já começou. Nos seis hectares da propriedade da família Finn, em uma semana já foram colhidos 5 mil quilos da fruta. A expectativa é de chegar aos 70 mil quilos.
As variedades Niágara rosa e branca e Bordô, produzidas pelo casal Nelson Honório Finn e Nilse Teresinha Finn, têm como destino vinícolas de Caxias e Gramado e mercados de Pelotas, entre outras cidades.
– A uva está boa este ano – garante Nelson, que terá ajuda de familiares nas próximas semanas para intensificar a colheita.
Em Bento Gonçalves, colheita começa nesta semana
Em Bento Gonçalves, maior produtor de uva da Serra, a colheita, atrasada em cerca de 10 dias, começa nesta semana (algumas variedades mais precoces foram coletadas ainda antes do Natal). Se o tempo colaborar, ou seja, se não houver chuva em excesso, a safra deve ser "razoavelmente boa", diz Inês Fagherazzi Bianchetti, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento.
A entidade abrange também os municípios de Monte Belo, Santa Tereza e Pinto Bandeira. A região representada pelo sindicato produz, em anos de safra normal, cerca de 300 milhões de quilos de uva.
– Comparando com a safra do ano passado, é uma coisa, mas ano passado tivemos muitas perdas, então, não dá para dizer que teremos uma supersafra – enfatiza.
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha, Olir Schiavenin reforça a análise de Inês. Não será, segundo ele, nem uma safra pequena nem uma supersafra.
– A expectativa é de uma boa qualidade. O aspecto da uva é muito bom e não tem problema algum de ataque de fungo – acrescenta.
Ainda conforme Schiavenin, a colheita em Flores ainda não se iniciou. São 5 mil hectares de parreiras na segunda maior produtora da fruta na região – a Serra é responsável por 90% da produção no Estado.