Ninguém deve ficar sem presente de Natal, mas eles devem ser mais modestos. Neste final de semana, o movimento foi grande na área central de Caxias do Sul, mas poucas pessoas estavam carregadas de embrulhos. A maioria levava apenas sacolinhas. A instabilidade econômica e as incertezas na política deixam as pessoas mais desconfiadas com o futuro e com receio de perder o emprego e ficar com dívidas.
Ires Dalsotto Vanassi, 65 anos, e Fabia Vanassi, 35, mãe e filha, eram algumas das pessoas que apostaram em lembrancinhas para os familiares. Entre as opções, doces e chocolates para os netos de dona Ires.
– É a crise – comentou Fabia.
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A cautela do consumidor deve gerar um dos piores Natais dos últimos 15 anos, estima o presidente do Sindilojas, Sadi Donazzolo. Segundo ele, a troca de governo gerou uma perspectiva de retomada da economia, mas os episódios recentes envolvendo as delações da Odebrecht fizeram com que essa expectativa baixasse. A tendência é fechar as vendas no comércio no vermelho, com queda de 6% em relação ao mesmo período do ano passado.
– Até o de 2009 não foi tão ruim. Naquele ano, a crise não afetou tanto, porque o governo acabou estimulando com a isenção de IPI na linha branca (eletrodomésticos), que são bens duráveis e as pessoas não trocam tanto. E agora estamos pagando por isso.
Conforme Donazzolo, o ticket médio (valor gasto por cliente) neste Natal deve ficar na casa dos R$ 120, sendo gasto em itens de vestuário, calçados, perfumes e joias. O valor é semelhante à expectativa da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS). A estimativa na Federação é de que o ticket médio dos gaúchos seja de R$ 125. Em 2015, a média por cliente foi de R$ 136.
Proprietário de uma loja de roupas no Centro, Emad Bakri estima uma queda de 10% em relação a 2015. Mas não apenas por conta do presente de Natal. O que está mudando é a compra para consumo pessoal. Bakri diz que tem notado redução de pessoas comprando parcelado. Elas estão preferindo pagar à vista e, assim, acabam gastando menos.
– Muita gente ficou desempregada e parou de parcelar. Para presente, a média é R$ 30 o valor. Independente da situação, ninguém dá um presente de R$ 1 mil – acredita.