Mês a mês, a economia de Caxias vem apresentando pequenos sinais de que o pior, de fato, passou. No começo do ano, o acumulado de 12 meses apontava prejuízos de 19,4%. Em outubro, o mesmo índice mostra queda de 15,1%, após uma série de leves "despioras". Os dados fazem parte de levantamento mensal da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) e da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias (CDL), e foram divulgados na tarde de ontem.
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– É como se a gente tivesse caído num poço de 19,4 metros e já escalamos quatro metros. Ainda falta muito para recuperar, mas demoramos dois anos para chegar nesse "fundo", não vai ser em dois ou três meses que vamos conseguir retomar. O importante, neste momento, é que a tendência aparece como positiva – avalia Astor Milton Schmidt, diretor de Economia, Finanças e Estatística da CIC.
Todos os principais setores econômicos de Caxias cresceram em outubro na comparação com setembro. A indústria, principal motor econômico da cidade, teve alta de 1,6% no mês passado, embora acumule queda de 17,1% em 12 meses.
– Um dado interessante de outubro é que as compras e as vendas industriais estão cada vez mais semelhantes. Isso mostra que os estoques estão ficando mais equilibrados, o que pode sinalizar um recomeço de produção – destaca Schmidt.
O setor de serviços subiu 1,3% no mês passado e apresenta baixa de 8,6% nos últimos 12 meses. Joarez Piccinini, diretor da CIC, acredita que uma melhora mais contundente da economia deve vir a partir do ano que vem, possivelmente no segundo semestre:
– Para isso, porém, é preciso que ocorra um controle maior de déficit público e uma definição nas questões que envolvem privatizações. É fundamental ainda que o país atraía investidores, nacionais e internacionais, o que ocorre quando se cria um ambiente confiável. Nesse sentido, a qualificação da equipe econômica do novo governo tem sido importante. Eles demonstram que sabem o que tem de ser feito – analisa.
O agronegócio, que prevê safras recorde em vários segmentos, deve ser o "herói" do ano que vem, aposta Schmidt. E Caxias se beneficiará com isso:
– O agronegócio conta com um efeito multiplicador na economia, já que o setor necessita de uma série de máquinas e equipamentos. Como Caxias é produtora de bens de capital, isso reflete na cidade – explica.
Natal deve ter crescimento moderado
O último mês do ano, que começa nesta quinta, chega trazendo expectativas altas para o comércio. Segundo Ivonei Pioner, presidente eleito da CDL, a projeção para as vendas de Natal é de crescimento de até 5%:
– O ambiente atual é bem melhor do que no Natal passado. As incertezas diminuíram e a confiança aumentou. Por isso, a expectativa é de crescimento modesto – prevê Pioner.
O comércio acumula perdas de 19,9% em 12 meses. Em Caxias, o 13º salário deve injetar R$ 611,6 milhões na economia até 20 de dezembro. As férias coletivas, que muitas vezes "afastam" o consumo de final de ano da cidade, não será adotada por todas as grandes empresas, como em outros anos:
– A Marcopolo, por exemplo, não fará férias coletivas, e nem seus fornecedores. Isso é sinônimo de mais gente na cidade. No curto prazo, portanto, as expectativa são boas. Para 2017, o primeiro semestre deve ter desempenho mais baixo, com melhora no segundo – analisa Carlos Zignani, vice-presidente de Indústria da CIC.