O granizo e a chuva que caíram na madrugada e durante toda esta quinta-feira já trouxe prejuízo para algumas lavouras de Caxias do Sul e região. As plantações de folhosas (alfaces e temperos) e hortaliças (repolho, couve, brócolis, etc) são as mais prejudicadas, por serem mais sensíveis a esse cenário. Segundo informações da Emater Serra, várias localidades foram atingidas. Entre elas, propriedades em Vila Cristina, Nova Palmira e Santa Lúcia do Piaí. No localidade de Loreto, em Caxias, parte da plantação de 35 mil pés de repolhos foi prejudicada.
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A gerente regional da Emater, Sandra Dalmina, diz que as lavouras mais prejudicadas foram as que não tem cobertura de proteção.
– Quando cai granizo e muita chuva é que os agricultores percebem quanto o investimento em coberturas é importante – destaca.
Na localidade de São Miguel, no interior de Garibaldi, a chuva de pedra atingiu estufas e telhados de aviários. Em São Valentin do Sul e Vista Alegre do Prata, a falta de luz trouxe prejuízos aos produtores de leite, que não puderam ordenhar as vacas e refrigerar o leite.
Com menos hortaliças e folhosas no mercado, o preço vai subir. O gerente-técnico operacional da Ceasa/Serra, Antonio Garbin, explica que para as hortaliças, a chuva forte e em grande volume danifica as folhas e também alaga a produção, impedindo a colheita. Segundo ele, se a chuva persistir, certamente a oferta deve diminuir na central de abastecimento.
Chuva ajuda parreirais
Se por um lado a chuva prejudica as lavouras de hortaliças, por outro está beneficiando os parreirais e demais espécies frutíferas. Elas estão no período de dormência. Como fazia quase uma mês que não chovia, a água desta semana foi muito bem-vinda. Também será bem aceito pelos parreirais o frio que promete chegar neste final de semana.
– As videiras necessitam de um bom número de horas de frio para se desenvolver de forma ideal – informa o gerente técnico da Ceasa.
Por enquanto não tem do que reclamar. A preocupação dos produtores de uva com o clima começa em setembro, quando as parreiras começam a brotar e a se desenvolver. A partir de outubro, o excesso de chuva, o granizo e a geada precisam passar longe dos parreirais da Serra para que uma boa safra se concretize.
"Não vamos desistir"
A busca por uma renda extra para sustentar a família de cinco membros na localidade de Loreto, interior de Caxias do Sul, foi parcialmente interrompida durante a madrugada. A forte chuva de granizo prejudicou cerca de 40% da plantação de repolho e couve-flor da propriedade dos Perini. Boa parte das 35 mil mudas plantadas desde o começo do ano foram atingidas pelas pedras.
– O que nos preocupa agora é o resultado disso. Se não parar a chuva, pode apodrecer tudo porque os buracos que as pedras fizeram ajudam a entrada da água – conta Terezinha Perini, 42 anos.
A instabilidade do tempo já é conhecida da família. Seguidamente os estragos da chuva prejudicam os parreirais de uva, responsáveis pela maior parte da renda.
– Como esse ano não tivemos muita uva para vender, optamos por investir em alguma plantação extra. Mas infelizmente não tivemos muita sorte – afirma a filha Marlise Perini, 19 anos.
A família ainda não tem como estimar qual o prejuízo, pois é preciso aguardar os resultados e esperar se o tempo vai melhorar.
– Enquanto isso não podemos desistir. Temos três filhos na faculdade e precisamos seguir em frente – diz Terezinha.