Na segunda-feira, a partir das 19h, no auditório da CIC Caxias, acontece o quarto ciclo do projeto Avanti Serra, que abordará o tema Fundos e Estratégias de Investimentos.Além de Maurício Benvenutti, e Pedro Sirotsky Melzer, compõe o time de palestrantes o sócio e diretor executivo da CRP Companhia de Participações, Dalton Schmitt Júnior. Economista, ele é especializado em venture capital e conselheiro de administração de empresas em diferentes setores. O Avanti busca apresentar novos conceitos que contribuam com o desenvolvimento da região e, para isso, conta com grupos de trabalho que discutem o futuro da Serra.
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Inscrições podem ser feitas pelo site avantiserra.com.br ou pela fanpage do projeto: facebook.com/avantiserra
“Inovação não é a que aparece no produto ou serviço final”
Há perspectiva de melhora na economia para este semestre? Dalton Schmitt Jr: Alguns indicadores começam a mostrar que a economia está passando por um momento de recuo da desaceleração e apontando para uma retomada. Naturalmente, em função do quão aguda tem sido a crise, essa retomada tende a ser vagarosa, com efeitos sendo sentidos de forma lenta ao longo dos meses. Conta positivamente que o Brasil reage bem a ondas positivas, e certamente notícias sólidas e boas podem trazer um efeito de aceleração um pouco maior ao longo dos anos, a partir de 2017.
O que é possível fazer para enfrentar a crise? Ser realista e buscar o diferencial competitivo. Acreditamos que muitas vezes as empresas demoram a reagir aos sinais que são apresentados e acabam piorando um cenário que já seria difícil. Por outro lado, entendemos que as dificuldades de empreender no Brasil tiram o foco do empresário em inovação e busca de diferenciação, que é uma das maneiras de reagir em momentos difíceis. Isso pode ser feito internamente, em processos, na gestão, ou externamente, em produtos e serviços.
Tendo em vista o cenário político e econômico atual do país, é o momento para novos investimentos? Acho que sim. Estamos vivendo um momento muito sério do ponto de vista econômico e político, mas acredito que já há sinais para retomada dos investimentos. Isso varia de setor a setor, e também da capacidade de investimento e financiamento das empresas e pessoas, o que pode atrasar ou tornar o processo mais lento. Mas inegavelmente o Brasil tem muitas oportunidades de negócio a serem exploradas.
Quais aspectos devem ser analisados ao buscar um novo investimento? O básico: a consistência do projeto, sua relação risco-retorno e, principalmente, com quem você está fazendo negócio. Cada investidor tem seu perfil e seu foco de interesse, bem como seu apetite ao risco. Todos buscam negócios consistentes, dentro da sua perspectiva de interesse de retorno. Por fim, mas mais importante, a avaliação correta do perfil daquele que você está investindo, seja ele um empresário, um gestor de recursos ou outro investidor. Entender seu perfil, seriedade, consistência e agregação de valor, é algo chave.
Em geral, as pessoas consideram investimentos em ações muito complicados. Essa preocupação tem fundamento? Não acho que seja complicado. A questão é que, como todo o investimento que busca ser bem sucedido, investir em ações demanda esforço, conhecimento, persistência, disciplina e paciência. Os maiores vencedores de investimentos em ações do mundo são aqueles que olham muito longe e com grande profundidade. Não ficam no curto prazo. O interessante é que a maioria tem essa percepção, mas a minoria atua dessa maneira.
De que forma inovar e se destacar em períodos difíceis? Aproveitando a tecnologia e o conhecimento. Temos muitos casos de inovações em processos internos, que geraram alta eficiência e margem; bem como investimento em tecnologias visando o mesmo objetivo. Muitas vezes, a inovação não é aquela que aparece exatamente no produto ou no serviço final, mas na forma como foi construído.
Quais características gerais os gestores precisam desenvolver para impulsionar suas empresas? Acho que o mundo mudou de anos para cá. Profissionalização, visão mundial, melhores práticas de gestão, inovação permanente, gestão de pessoas, eram pouco refletidas há 20 anos. Vejo que, no geral, se fala muito mas não necessariamente se faz na quantidade desejável. Entendo que os gestores precisam ser mais contundentes nessas crenças e perseguir com mais vigor esses princípios. Não há formula mágica e tampouco é fácil de executar, mas é o caminho.