A falta de frio nos últimos anos – aliada à queda constante no consumo e à concorrência com as peças importadas – vinha desmotivando o trabalho das malharias da Serra Gaúcha. Algumas chegaram a fechar as portas por não conseguir sobreviver em meio a tantos desafios. Neste ano, porém, o cenário se desenha de forma mais animadora: apesar das inseguranças políticas e econômicas ainda influenciarem negativamente o consumo, o dólar alto derrubou as importações e o frio, enfim, veio com força.
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As temperaturas baixas estão sendo registradas desde o finalzinho de abril na região e vieram depois de semanas de muito calor. Algumas lojas, inclusive, já começavam a ensaiar liquidações antecipadas no mês passado.
– O abril desse ano foi o pior dos últimos 5 ou 6 anos para as vendas de peças de inverno. Estava muito calor. Mas então o frio veio e está amenizado os prejuízos – conta Carla Laís Dallarosa, da Brisa Malhas.
Antes do frio chegar, conta Carla, os lojistas encomendaram apenas pedidos pequenos. Havia receio de comprar muitas peças e acabar ficando com o estoque alto:
– Agora que o frio veio, a procura aumentou bastante. Estamos acelerando a produção.
Em relação a 2015, o incremento nas vendas na modalidade pronta-entrega está sendo por volta de 10%. O índice não é maior justamente porque o clima de abril não contribuiu. Se as temperaturas continuarem baixas, entretanto, a expectativa é de um ano ainda melhor.
– O frio sempre é determinante para as vendas de malhas. É meio caminho andado. Não adianta ter preço bom, produto inovador... Sem frio, não vende – resume Sérgio Tomazzoni, da Friolã.
Como o inverno apareceu muito pouco nos últimos anos, muitas malharias mudaram o perfil e passaram a apostar apenas em malhas mais leves e finas. Neste ano, quem se adaptou ao mercado, mas não abriu mão do maquinário mais pesado, como é o caso da Brisa e da Friolã, tem um diferencial importante, analisa Carla:
– Normalmente as malhas mais grossas saíam muito pouco. Agora as que estão mais paradas são as peças finas.
Cresce a confiança no negócio
Muito antes das temperaturas baixarem (mais precisamente a partir do último trimestre do ano), as malharias já começam a produção de malhas para o outono/inverno seguinte. Por esse motivo, o frio interfere intensivamente nas vendas das malhas, mas tem pouco impacto sobre a produção:
– Não temos tempo hábil para aumentar a produção de malhas nesse momento. O que cresce são as vendas, especialmente das malharias que trabalham com pronta-entrega, mas na produção o clima não reflete muito. Mudam também as expectativas: o empresário fica mais animado, não fica com muito estoque e então cria confiança para o próximo ano – explica Paola Vianna Reginatto, presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e Malharias da Região Nordeste do Estado (Fitemasul), entidade que representa cerca de 300 empresas.
Para amenizar as perdas que a falta de frio gera, Paola conta que as empresas da Serra se adaptaram ao clima e se tornaram especialistas em peças mais leves. As chamadas "malhas-acessórios", como mantas, ponchos e capas figuram em boa parte das coleções.
Prejuízos amenizados
Frio intenso renova ânimo das malharias da Serra
Temperaturas baixas e dólar alto impulsionam vendas de peças pesadas
Ana Demoliner
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