O palco não poderia ser mais apropriado para um anúncio histórico. Ao festejar seus 85 anos de existência, numa festa para mais de 3,5 mil convidados, a Cooperativa Vinícola Aurora, de Bento Gonçalves, colocou um ponto final a um capítulo triste de sua trajetória, classificado como "a grande crise". Trata-se do alto endividamento bancário que quase provocou a sua ruína em 1995.
"A longa e amarga dívida será totalmente liquidada em março deste ano. Será quitada com quatro anos de antecedência", anunciou Itacir Pedro Pozza, presidente da Cooperativa Vinícola Aurora.
Hermínio Ficagna, diretor-geral da Vinícola Aurora, lembrou-se dos tempos de vergonha, de constrangimento do associado por fazer parte de uma empresa prestes a ser liquidada, submetida a um comitê de bancos credores. Há 21 anos, as dívidas chegavam a R$ 127 milhões, envolvendo 16 instituições financeiras, fornecedores, associados, impostos atrasados. Era mais do que o patrimônio e equivalente a três anos de faturamento.
A empresa não só sobreviveu, se fortaleceu, garantiu o posto de maior e mais premiada vinícola do país, como orgulha as 1,1 mil famílias de produtores de uva associados. Conquistou em 2015, ano de retração no mercado, faturamento de R$ 425 milhões, crescimento de 28%, com "um lucro jamais registrado nos anos da Aurora".
A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) aproveitou o clima de alegria no aniversário da Aurora para destacar o trabalho do presidente Itacir Pedro Pozza, brincando que poderia atuar como ministro da Fazenda.
"Se ele conseguiu sanar a dívida faltando quatro anos, melhor se estivesse em Brasília"