O aumento expressivo do dólar nos últimos meses, e principalmente nos últimos dias, tem causado incerteza em quem planejava viajar para o exterior. E o desaquecimento já é sentido pelas agências de viagem da Serra Gaúcha que viram a procura por pacotes cair pela metade entre julho e agosto.
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Segundo o conselheiro da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Estado, Milton Corlatti, as vendas para destinos fora do país estão praticamente paradas. Conforme Corlatti, atualmente só embarca quem precisa viajar a negócios ou já tem viagem de lazer marcada. Nem mesmo a baixa das tarifas das companhias aéreas, que tem absorvido os custos, tem contribuído. Passagens que custavam U$ 1,5 mil agora chegam a custar U$ 700, mas os gastos no destino com o câmbio superior a R$ 4 afasta os passageiros.
O mercado interno também não ajuda a compensar a queda. As viagens dentro do país caíram entre 40% e 45% porque a população está evitando novas despesas devido à crise. Na avaliação de Corlatti, o impacto é inédito no setor, ainda que em outros momentos o dólar tenha se aproximado dos R$ 4.
- Em 2002 nós tivemos esse câmbio de R$ 4, mas o país estava em outro momento, não estávamos em um recessão, como hoje. As viagens continuavam normalmente, não se sentiu tanto quanto hoje. Essa crise pega desde o pequeno até o grande empresário, desde a pessoa com menos condições financeiras até a pessoa com mais condições financeiras - analisa.
No mercado de intercâmbios, também há queda, mas um pouco menor. A reportagem procurou duas agências do setor, que registraram queda de 10% e 20%, respectivamente, no número de negócios fechados. Há duas explicações para o fenômeno, segundo os especialistas consultados. A primeira é de que o intercâmbio é um investimento, normalmente já planejado há longo prazo. O outro fator que influencia são as demissões. Muitas pessoas que perderam o emprego tem aproveitado o momento para realizar o desejo do intercâmbio e até buscar uma oportunidade definitiva fora do país. Isso faz com que a busca por informações siga em alta.
Em uma das agências, países com dólar menos valorizado, como Austrália, Nova Zelândia e Canadá, tem tido procura até 30% maior. A expectativa, segundo Corlatti, é de que o governo tome medidas para tentar frear a alta da moeda americana para que o setor de viagens possa ter uma reação.