O dólar alto, fator normalmente utilizado como condicional para bons índices de exportação, não tem potencializado os negócios caxienses com os outros países. Pelo contrário: no primeiro quadrimestre deste ano, as exportações caíram 8,6% na cidade na comparação com o último ano, apontam dados divulgados pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias (CIC).
A retração na economia, ao que tudo indica, estimulou a cautela dos empresários, o que inclui investimentos e estratégias no mercado externo. O resultado é uma queda de 9,2% nas exportações no acumulado dos últimos doze meses.
Outro fator que explica a queda é que a conquista de mercado externo leva tempo. Mauro Vencato, diretor de Negócios Internacionais da CIC, destaca que o Brasil não tem uma cultura exportadora como outros países, o que prejudica resultados mais estáveis da balança comercial. Além disso, os principais países compradores têm crescido menos nos últimos anos, o que também inibe as exportações.
- A taxa cambial ajuda, mas não resolve. Quem compra quer garantia de que pode contar com o fornecedor sempre, não só quando o dólar está favorável. Então as empresas que conseguem se manter no mercado externo são aquelas que diminuem a margem de lucro se o câmbio não está ajudando. Algumas conseguem bancar essa instabilidade, outras não - esclarece.
Nos últimos anos, o montante gerado com negócios internacionais caiu em Caxias. Vencato lembra que, até 2012, o valor anual movimentado pelas empresas da cidade passava de US$ 1 bilhão. Já em 2013 e 2014 o número passou a cair e, para este ano, a projeção é que o total encerre em cerca de US$ 850 milhões.
Ao todo, as exportações representam 13,4% das vendas caxienses, contra 63,9% de negócios para fora do Estado e 22,7% para comercializações dentro do Rio Grande do Sul.
Setor metalmecânico conseguiu alta de 18%
No ano passado, ao perceber que os negócios no mercado interno desaceleravam, boa parte das empresas do setor metalmecânico passou a apostar em outros países. O resultado apareceu neste ano: no primeiro quadrimestre, as exportações cresceram 18% no segmento, aponta dados do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs).
O desempenho não resolveu as perdas do mercado interno, que já chegaram a 28%, mas amenizou. Atualmente as exportações representam 12,5% dos negócios no setor, contra cerca de 10% no ano passado, revela Getulio Fonseca, presidente do Simecs:
- Com o dólar alto, o mercado está aberto e temos produtos para oferecer. Mas tem que trabalhar em cima, eles (outros países) não vão vir até nós, a gente que tem que ir. Temos também que focar em oferecer produtos com valor agregado e não tanto na questão do preço, já que os chineses são nossos maiores concorrentes e já focam no valor - ensina.
Nesta semana, Fonseca esteve em missão empresarial pela África e destaca que esse é um continente com bastante potencial para negócios. Angola, Sudão, Etiópia e Quênia são alguns dos países que podem ser parceiros.
Negócios internacionais
Mesmo com dólar alto, exportações de Caxias caíram 8,6% neste ano
Setor metalmecânico, porém, conseguiu expandir mercado externo
Ana Demoliner
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