Desde os primeiros meses do ano, 2014 se mostrou difícil para a economia caxiense. A indústria, principal motor econômico da cidade, acumulou prejuízos e teve que demitir. O comércio, que depende da massa salarial do setor fabril, também sofreu e teve que inovar para atrair os consumidores.
Mas nem tudo deu errado: o ano trouxe novidades positivas para a cidade, como a confirmação de um novo Zaffari e o 1º Festival Gastronômico de Rua. Confira abaixo alguns dos principais fatos da economia caxiense em 2014:
Indústria fecha mais de 5 mil vagas
A desaceleração norteou a produção da indústria caxiense durante todo 2014. Feriados prolongados, férias coletivas, pausas durante a Copa, escalonamento de horário e outras formas de flexibilização de jornada de trabalho foram adotadas pelas empresas desde o início do ano para evitar demissões. A estratégia amenizou os desligamentos, mas não resolveu: mais de 5 mil postos de trabalho foram fechados de janeiro a dezembro, calcula o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs).
Se o período abrangido for maior, as demissões são ainda mais expressivas. Desde setembro do ano passado, já são mais de 8 mil empregos a menos. O cenário de alerta resultou em uma queda de 14,66% no faturamento das empresas do setor na comparação com 2013.
A crise se instaurou principalmente por problemas na liberação de financiamentos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o que travou as negociações e as demandas. A conjuntura econômica desfavorável em ano eleitoral -com inflação e taxa de juros nas alturas - e os já costumeiros gargalos envolvendo altos custos de logística também contribuíram com a retração.
Como as previsões para o início de 2015 não são melhores que as atuais, cerca de 1,5 mil novas demissões devem vir até abril, estima o Simecs. Para a entidade, a indústria metalmecânica - principal motor econômico da cidade - deve começar a ter sinais de melhora somente no segundo semestre de 2015.
San Pelegrino confirma Zaffari
Após muita especulação sobre qual supermercado ocuparia o espaço deixado pelo Nacional no Shopping San Pelegrino, a oficialização veio em setembro: o empreendimento abrigará um novo Zaffari. A novidade deve inaugurar no final do primeiro semestre de 2015.
A quarta operação da rede em Caxias - o grupo já conta com três unidades nos bairros Centro, Exposição e Lourdes - atenderá a região nobre dos bairros São Pelegrino e Rio Branco, que tem uma lacuna de supermercados de grande porte. A expectativa do shopping é que o movimento aumente em até 30% com a chegada do novo Zaffari.
No total, as obras devem gerar 120 empregos diretos. A unidade concentrará todos os tradicionais setores, como padaria e confeitaria, açougue, laticínios, bazar, limpeza, perfumaria, além de ampla adega de vinhos. O novo Zaffari ocupará 3,4 mil m² de área construída, espaço bem superior aos cerca de 2 mil m² abrangidos pelo Nacional. A diferença expressiva explica a "subida" de lojas que ficavam no térreo, abrindo lugar para as instalações da nova loja-âncora do shopping.
Dilma anuncia Lei do Vinho
Durante a cerimônia de abertura da Festa da Uva, em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff anunciou a regulamentação da Lei do Vinho. Reivindicação antiga do setor vitivinícola, a novidade atualiza a legislação brasileira, adequando os padrões do setor aos do Mercosul.
O diretor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani, lembrou na época que o projeto circulou pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e pela Defesa Civil de 2008 a 2013. O dirigente explicou ainda que o decreto regulamenta aspectos qualitativos nos vinhos, abrindo a possibilidade de uso de termos como Reserva e Gran Reserva nos rótulos. Além disso, com a lei, amplia-se a possibilidade de zonas de produção vitivinícola do país para 10 Estados.
A presidente Dilma anunciou na ocasião ainda a confirmação do preço mínimo da uva para R$ 0,63. Em novembro, os produtores da Serra comemoraram novo reajuste: o Conselho Monetário Nacional determinou aumento de 11% e o valor mínimo passou para R$ 0,70 o quilo.
:: OUTROS DESTAQUES ::
Calor motivou mudanças - Incomuns na Serra gaúcha mesmo no verão, as altas temperaturas do início do ano, superiores aos 30º, impuseram alterações na rotina de trabalho. Pressionadas por paralisações promovidas pelo Sindicato dos Metalúrgicos ou espontaneamente, as empresas adotaram medidas para amenizar o impacto do clima, como intervalos para descanso e instalação de bebedouros e de climatizadores.
Compras em baixa - Diferente do esperado, a Copa do Mundo prejudicou o comércio gaúcho neste ano. Conforme dados divulgados pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), juntamente com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul (CDL), o setor deve fechar o ano no Estado com crescimento de 2,5%, sendo que em 2013 o aumento havia sido de 6,4%. Em Caxias o cenário é ainda mais alarmante: o comércio vai encerrar o ano no vermelho, com prejuízos na casa dos 5%. As eleições e as incertezas econômicas trazidas pelo ano político também prejudicaram o desempenho.
Preocupação com a saída de empresas - Empresários e economistas do Conselho de Economia e Finanças da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias (CIC) admitiram que a expansão para fora do Estado é uma realidade e engrossaram o time de apreensivos com o tema. O assunto foi tratado em outubro, na divulgação da Carta Econômica, documento com análises do grupo sobre o cenário, além de recomendações às empresas. A perda da competitividade se deve principalmente aos altos custos salariais e de logística, detalharam os especialistas.
Comida de rua - Em outubro, Caxias sediou o 1º Festival Gastronômico de Rua - Viagem dos Sabores de Caxias do Sul. O encontro ocorreu na Praça Dante Alighieri, juntamente com o encerramento da Feira do Livro. A novidade foi inspirada em vários países que seguem essa tendência, além de Porto Alegre, que promove o conhecido projeto Comida de Rua. Nas outras edições do Viagem dos Sabores, os estabelecimentos participantes já promoviam descontos e promoções, mas os pratos eram servidos nos próprios restaurantes.