"O pessoal do Sul detesta gente de fora. Isso não vai certo". Luiza Helena Trajano, diretora-presidente da Rede Magazine Luiza, perdeu as contas de quantas vezes escutou esse comentário há cerca de 10 anos, quando comprou mais de 50 pontos de venda das antigas lojas Arno.
A previsão pessimista não se confirmou e hoje a região abrangida por essa aquisição já é o segundo principal faturamento do império Magazine Luiza, que conta com 740 lojas distribuídas em 16 Estados. Para contar essa história de sucesso, Luíza Helena esteve na última semana na Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), em Caxias, participando da 4ª Semana do Empreendedorismo.
Antes da palestra, a empresária conversou com o Pioneiro. Confira alguns trechos:
Luíza Helena Trajano: Como será o Natal do brasileiro?
Pioneiro: A Magazine Luiza está acreditando no Natal. Apresentamos ao mercado nossos resultados recentes e tivemos um crescimento muito bom. A gente acreditou na Copa, nós investimos. Mas em geral, sabemos que o mercado teve uma represada por causa do ano eleitoral. A gente inclusive já sente que novembro está tendo um movimento maior quando acalmou essa situação política. Então, nós que já estávamos acreditando antes, continuamos a acreditar que o mercado no final do ano vai apresentar melhoras, já que no último semestre as vendas foram mais represadas. Não digo pra nós, nós estamos na Bolsa e todo mundo pode ver que tivemos um crescimento de 18% no último trimestre em relação ao ano passado. Mas sabemos que fomos uma exceção, que o mercado sofreu um pouco com esse ano eleitoral e também com a ressaca da Copa. Agora apostamos então na compra e que vamos ter um dezembro bom.
E para 2015? As perspectivas de que o consumo vai ser ainda mais retraído preocupam a Magazine Luiza?
Luíza Helena: Eu sou uma empresária de crise. Já cortei não sei quantos zeros quando precisei, já passei por vários planos econômicos, então a Magazine Luiza aprendeu a trabalhar com tudo isso. Lógico que você precisa ter um juízo de fluxo de caixa, para você não tirar muito dinheiro da empresa. Mas nós sempre acreditamos. Hoje (quinta-feira) visitei lojas daqui (de Caxias), estive com toda a equipe da região e não se fala em crise, se fala em trabalho, em desafio. Não se ouve a palavra crise. Nós faturamos R$ 10 bilhões ano passado. Então eu acredito que em trabalho, suor e união com as equipes. E o consumo interno do Brasil é muito bom.
Como a senhora ressaltou, o império Magazine Luiza vai bem, mas é uma exceção. Que dicas você daria para outros empresários superarem esse momento de incertezas econômicas?
Luíza Helena: Costumo dizer que nesse momento não adianta ser um otimista, dizer "vai dar certo, vai dar certo" e não fazer nada. Também não adianta ser muito pessimista que também não vai adiantar. Então você precisa traçar um objetivo, alinhar a equipe, promover a empresa e estar muito voltado ao consumidor - o que ele quer, o que ele precisa e trazê-lo pra sua loja, que é o que a gente sempre faz. Então não se pode ter muito otimismo, nem pessimismo. A gente não pode confundir otimismo com "não-ação". Tem que ter muita ação, muito trabalho e alinhamento com a equipe. Tem que tocar na banda e não ver a banda passar.