A tradição da mesa farta na Serra não deve ser impactada neste final de ano pelos altos e baixos da economia. Pelo contrário. Fornecedores do varejo sinalizam um crescimento - mesmo que pequeno - nos pedidos de produtos tradicionais de Natal e Ano-Novo em relação a 2013.
Para a Vinícola Salton, de Bento Gonçalves, em que a época de festas representa 65% das vendas anuais de espumantes, a previsão é que as encomendas aumentem entre 12% e 15%. A intenção, conforme o diretor de vendas Cléber Slaifer, é comercializar 5,5 milhões de garrafas da bebida. Além da bebida em si, a vinícola também aposta na inclusão de seus produtos em cestas de Natal e na criação de conjuntos para presentear, compostos de espumantes e taças, por exemplo. A produção segue intensa e as equipes de venda, segundo Slaifer, começaram a intensificar o trabalho já em julho, com vistas a atender todo o mercado nacional.
Pesquisa do Instituto Segmento, a pedido da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), verificou que há expectativa de crescimento de 6,2% nas vendas de espumantes nesses estabelecimentos. No total, os supermercados gaúchos deverão vender 4,8 milhões de garrafas da bebida - sendo 95% produzidas no Brasil.
O setor de panificação também está trabalhando a todo vapor. Estimativa do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria e de Massas Alimentícias e Biscoitos no RS (Sindipan) estima um aumento de 10% no faturamento. O presidente da entidade, Arildo Bennech de Oliveira, afirma que as festas de final de ano são uma época de ouro para o setor, já que as panificadoras apostam em produtos com maior valor agregado como panetones, tortas e doces especiais.
A padaria Pão Quente, de Caxias do Sul, está produzindo panetones e chocotones desde meados de outubro para atender pedidos da Serra e Região Metropolitana de Porto Alegre. Por enquanto, são assadas cerca de 600 unidades duas vezes por semana. A partir de novembro, a demanda aumenta para três vezes por semana e, em dezembro, a produção de panetones é diária, chegando a mil unidades/dia. Além de atender clientes próprios, outras padarias e mercados, a padaria também fornece o produto a empresas, para compor cestas de Natal para clientes e funcionários. A previsão da responsável pelo setor de vendas, Silvia Ribeiro, é uma das mais otimistas: fermentar o faturamento até 30% em relação ao ano passado.
Apesar de a pesquisa da Agas indicar que o preço das carnes deve ter um reajuste considerável no final de ano - chegando a 19% no caso de aves e 11,8% no caso de suínos, em função de mudança na margem do ICMS e de retomada das exportações à Rússia, respectivamente -, distribuidores dessas produtos apostam em um Natal vigoroso.
Gabriel Rocha, sócio-proprietário da filial da Dália Alimentos em Caxias do Sul, afirma que os pedidos estão começando a esquentar um pouco tardiamente, mas projeta ampliar os negócios entre 5% e 8% em relação a 2013. O entusiasmo fica por conta do consumo crescente de cortes suínos, fomentado pelo amadurecimento do mercado e da melhoria na qualidade do produto.
O representante comercial Sélio Pedro Capeletti, que revende aves natalinas da Aurora Alimentos, projeta vender em torno de 15 toneladas para o final de ano, praticamente se igualando a 2013 (com cerca de 14,8 toneladas). De acordo com Capeletti, a tendência neste ano é que o varejo feche os pedidos mais tarde, principalmente de aves congeladas, em função da necessidade de espaço para estoque, o que pode ocasionar menos variedade de produtos e preço um pouco mais elevado - na ordem de 3% - na comparação com o ano passado.
Consumo
Ceia deve ser farta na Serra neste final de ano
Principais setores que fornecem ao varejo em Caxias do Sul e região projetam crescimento nas vendas, apesar da economia estar retraída
GZH faz parte do The Trust Project