Com ameaça de faltar areia, item indispensável na construção civil, distribuidoras de Caxias do Sul têm viajado bastante para buscar a matéria-prima e garantir o abastecimento das obras. Com a proibição da extração de areia do Rio Jacuí por três grandes empresas, responsáveis diretas pela abastecimento de Caxias e da Região Metropolitana de Porto Alegre, há risco de escassez do produto. A projeção dos especialistas é que, se a medida não for revertida, pode faltar areia já na próxima semana. Por enquanto, o primeiro resultado concreto é o aumento superior a 60% na matéria-prima às construtoras.
Segundo Valdemor Trentin, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Caxias do Sul (Sinduscon-Caxias), é preciso pelo menos um trimestre para conseguir avaliar os impactos no setor da construção civil. Ainda é cedo para definir se essa alteração no preço da areia chegará a afetar o bolso de quem comprou um imóvel ainda na planta e que está em construção ou se as incorporadoras conseguirão absorver a alta.
- Que vai impactar, temos certeza, agora qual a proporção temos que aguardar. Cada empresa vai saber como estão seus custos, e se pode ou não repassar o aumento para o cliente - explica.
Em grande parte das obras em andamento em Caxias do Sul, a areia grossa, normalmente utilizada em pisos, assentamento de tijolos, concreto e reboco grosso, também é proveniente do Rio Jacuí. Com a paralisação da extração, empresas da cidade têm buscado alternativas para manter o mercado abastecido. Na distribuidora caxiense Telh Areia e Brita, que fica no bairro Medianeira, carretas viajam dia e noite para trazer areia da metade Sul do Estado e de Santa Catarina.
Da extração do Jacuí, as empresas caxienses pagavam, em média, R$ 38 o metro cúbico, que era repassado ao mercado por cerca de R$ 62. Já a areia vinda de Santa Catarina, que custava R$ 40, agora vale em média R$ 75 para o comprador, e chega ao mercado por volta dos R$ 100. Ou seja, a alta ao consumidor já atinge 61%.
Segundo Valderez Telh, proprietário da distribuidora, buscar areia próximo a Criciúma, em Santa Catarina, ou na cidade gaúcha de Cristal, a quase 300km de Caxias, acabou aumentando o custo do produto, principalmente pela questão do transporte.
- Os caminhões estão todos trabalhando. Não chega a estar em falta, pois estamos fazendo o possível e trazendo de mais longe, mas o estoque está cada vez menor - explica Telh.
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Escassez
Mercado caxiense, abastecido principalmente pela areia extraída do Rio Jacuí, já sente o aumento dos preços
A projeção dos especialistas é que, se a medida não for revertida, pode faltar areia já na próxima semana
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