Ameaças de racionamento de energia e até mesmo de possíveis apagões rondam o país há algum tempo. O temor ganhou força a partir da preocupante informação que consta em recente relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel): das 12 cidades-sede da Copa do Mundo 2014, apenas duas (Fortaleza e Recife) não apresentam atrasos nas obras relacionadas à energia. Em pronunciamento, a presidente Dilma Rousseff tentou amenizar, afirmando que o Brasil tem energia suficiente "para o presente e para o futuro".
Alarmistas ou não, essas ameaças motivam empresas, consumidores e poder público a buscarem formas alternativas de geração de energia. A energia solar fotovoltaica, por exemplo, que converte os raios em eletricidade, ganhou um incentivo recentemente. Desde o começo do ano, em função de uma medida da Aneel, consumidores podem solicitar às concessionárias de energia para que façam uma conexão com a rede elétrica comum.
Na teoria, o método parece simples: com dois medidores, um para o consumo e outro para geração, o produtor (cliente) poderá vender a energia excedente às distribuidoras, barateando assim a conta de luz. Porém, mesmo com o incentivo governamental, a implantação traz um empecilho financeiro: uma família teria que desembolsar cerca de R$ 30 mil para instalar um sistema capaz de gerar 200 quilowatts por hora, que representa metade da média de consumo de uma casa com quatro moradores.
Para quem não se intimidou com o valor e pretende aderir à prática, a CPFL Energia, grupo o qual a RGE integra, informa que está aguardando que a Aneel edite as regras complementares do sistema de compensação de energia elétrica para colocar o sistema em prática. Essas normas, destaca a RGE, orientarão o relacionamento das empresas distribuidoras de energia com as unidades consumidoras que se enquadrarem na resolução.
Além de produzir energia e aquecer água, a incidência dos raios solares pode ser utilizada também de uma forma ainda mais prática com o aproveitamento da luz natural. A nova estrutura do grupo educacional Caminho do Saber, o Impulso Ensino Médio, de Caxias, é um exemplo de como essa estratégia pode ser eficiente se a edificação já for projetada com o intuito de ser sustentável.
Na edificação de ensino, a necessidade de utilização de energia elétrica para iluminação nas salas de aula é bem menor do que a normal e chega a ser dispensada dependendo do dia. A incidência de luz só não é maior porque os vidros instalados são reflexivos, para evitar que a claridade não seja exagerada nos dias mais ensolarados.
- Também separamos as luzes de cada sala em três fileiras, assim, até mesmo quando a luz natural não for suficiente, não é necessário ligar todas. Elas também são reflexivas (possuem espelhos na estrutura), o que reduz o desperdício - explica Márcio Masotti, arquiteto responsável pela obra.
Nos próximos meses, a prédio Impulso irá receber a instalação de um sistema de energia solar. A instalação de 2,1 mil m² de área construída já conta com a reutilização da água da chuva (estima-se que em um ano serão recolhidos cerca de 500 mil litros de água).
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