O veranico de agosto havia animado os apicultores da região. O trabalho das abelhas, que normalmente se inicia com intensidade apenas na primavera, começou com antecedência em função da floração precoce e proporcionou expectativas de uma produção farta. Na semana passada, porém, o frio voltou com tudo, inclusive com neve em alguns pontos da Serra, e prejudicou as projeções de uma safra mais doce neste ano.
Antônio Viapiana, membro da Associação Caxiense de Apicultores (Ascap) e presidente da entidade por oito anos, explica que as temperaturas baixas fazem com que as abelhas não consigam colher o néctar, deixando assim de produzir mel. Nesses períodos, normalmente elas sobrevivem apenas com as reservas de mel e pólen estocados nos favos.
- O frio dos últimos dias atrapalhou tudo o que o calor havia ajudado, pois ele sempre dá uma parada na postura da rainha. O ideal agora para os apicultores da região é que a primavera se comporte como primavera - destaca.
A safra de mel na região, lembra Viapiana, poderia ser melhor se os apicultores se profissionalizassem. Segundo ele, como praticamente todos os criadores da Serra utilizam apenas a modalidade fixa da atividade, dependem sempre das condições climáticas para lucrar.
- O ideal seria que eles praticassem a apicultura migratória, ou seja, que levassem os enxames para onde está a melhor florada da época. Quando está frio na Serra, por exemplo, normalmente existem bons locais para a produção no Litoral. Essa prática migratória faz com que uma colmeia que produz normalmente 15 quilos de mel por ano chegue a fabricar 90 - explica.
Um dos apicultores que pretende aderir a prática migratória para aumentar a sua produção é André Minotto, 44 anos. Em 2000, quando ele comprou 10 colmeias, buscava apenas uma atividade "antiestresse". Agora, com 170 colmeias a mais do que quando começou, André tem outra visão sobre a apicultura:
- O que era meu hobby virou minha principal fonte de renda. Meu trabalho anterior, como autônomo, é que acabou se tornando uma atividade secundária.
As abelhas do apicultor produzem anualmente uma média de 2 mil quilos de mel por ano. Além disso, Minotto, que é vice-presidente da Ascap, vende mais seis toneladas do alimento em parceria com outros integrantes da associação.
A comercialização de todo esse mel ocorre em supermercados e na feira Ponto de Safra, realizada todas as sexta-feiras nas ruas Bento Gonçalves, 13 de Maio e Os 18 do Forte. O valor do quilo pode variar entre R$ 8 e R$ 10.
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