Na safra passada, 84,5% do vinho fabricado no Estado era comum. Em Caxias do Sul, o número é ainda maior: 92,5%. Vista com ressalvas pelo público com gosto mais refinado, a bebida inegavelmente tem espaço cativo na mesa do brasileiro, mas, para agregar valor busca a profissionalização de processos especialmente na produção familiar. A busca de qualidade do comum deve seguir o mesmo protocolo das vinícolas que produzem vinhos finos.
- Os instrumentos são praticamente os mesmos. Obter uma uva com boa maturação e sanidade. Usar leveduras adequadas para eliminar a acidez alta ou aromas desagradáveis. Ter boas práticas agrícolas e enológicas. Atentar para as condições de assepsia. Isso aumentará custos, mas agregará valor ao produto - diz o diretor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani.
- Os bons vinhos são produzidos a partir de uvas de boa qualidade - resume o chefe adjunto de transferência de tecnologia da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves, Alexandre Hoffmann.
O presidente da União Brasileira de Vinícolas Familiares e de Pequenos Vinicultores (Uvifam), Luís Henrique Zanini, avalia que a desburocratização de exigências para o pequeno produtor seria um passo importante para incentivar a elaboração de vinho. Tanto pequenos como grandes pagam os mesmos impostos.
- Hoje, esse é o maior câncer da vitivinicultura. Para sermos competitivos, os impostos deveriam baixar. Deveria haver um Simples para pequenas vinícolas e isenção para os produtores artesanais - entende Zanini.
Há pelo menos 56 anos, a família de Adair Tizatto, 76, de São Luiz da 3ª Légua, no interior de Caxias, produz vinhos de mesa. Antes disso, o pai de Tizatto já elaborava o produto quando a família morava em Galópolis. Na época, a bebida pronta era repassada à Vinícola Riograndense. Quando Tizatto casou-se com Ida e mudou-se para São Luiz, a elaboração do vinho era feita no porão da casa. Aos poucos, o produtor foi ampliando a fabricação até que construiu uma área própria para a vinícola, ao lado de casa, e registrou o engarrafamento, em 1965.
- Parecia que iríamos ganhar mais produzindo. Mas, hoje, quase tudo vai para o governo como imposto - lamenta Tizatto.
Leia mais sobre o assunto no Pioneiro desta terça-feira.
Tradição vinícola
Mais de 92% do vinho produzido em Caxias do Sul é comum
Setor tem como desafios qualificar produção, regularizar vinho colonial e reduzir impostos para pequenos produtores
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