Dos cerca de seis mil trabalhadores formais que atuam na área da construção civil em Caxias do Sul, pelo menos 500 são de outras regiões do país. O cálculo é do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário. Conforme o presidente, Antônio Olirio Santos Silva, atraídos pela oportunidade de ganhar dinheiro e prosperar, a maioria dos trabalhadores migrantes vêm de Estados do Nordeste como Maranhão, Piauí e Sergipe.
Há três anos na cidade, Virgílio Alves dos Santos, 25 anos, natural de São João da Serra, no Piauí, é um exemplo de como o projeto pode dar certo. Ele começou como operário e hoje é auxiliar administrativo da construtora paulista MPD nos canteiros de obras em Caxias.
Pelo interesse em crescer, foi galgando postos mais altos até evoluir de ajudante de pedreiro e carpintaria para uma vaga no escritório, cuidando da contratação de empregados e equipamentos:
- Como eu estava atento, chegava na hora, depois de um tempo fui convidado para ficar no almoxarifado. Mais tarde fui promovido para a parte administrativa - relata, orgulhoso.
De acordo com Santos, dos 30 funcionários da construtora em Caxias, 26 são nordestinos, de pequenas cidades do Piauí e do Maranhão.
- Se tentou contratar pessoal de Caxias mas não dava certo, eles acabavam não ficando _ revela.
De acordo como profissional, os trabalhadores daqui, em geral, não chegavam na hora e pediam para sair mais cedo, por isso acabaram não permanecendo empregados.
Ronaldo dos Santos, 25, de Tobias Barreto, no Sergipe, veio atraído pelo convite de um conhecido que estava em Caxias trabalhando e voltou para passar as férias em casa. Depois de quatro dias viajando de ônibus com outros três sergipanos, ele ainda lembra da baixa temperatura que fazia no dia 14 de julho de 2011, quando desembarcou em Caxias:
- Estava muito frio. O primeiro mês foi o pior. Vim por causa da minha filha. Tenho que cuidar dela - conta Santos.
Dos R$ 865, mais o auxílio de R$ 100 para o aluguel, que recebe pelo trabalho das 7h30min às 11h30min e da 13h às 17h45min, R$ 400 são depositados para Micaele, 6 anos, que mora com a avó.
Quando não está armando as ferragens nas edificações, Santos costuma passear no centro e no Parque dos Macaquinhos com a namorada Mariana, 15. Ele mora na casa da companheira, no bairro Planalto.
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