Uma exposição realizada em fotos, mas que não se propõe a ser uma mostra fotográfica. O que Ana e Airton Cattani propõem é despertar o espectador, com sua sensibilidade, para as nuances da passagem dos anos em nossas vidas, mostrando que, para além do tempo que buscamos controlar no relógio ou no calendário, também nossas mãos servem como registros temporais.
Desta terça-feira até 1º de março, o visitante que for conferir "Tempo" na Galeria Municipal de Artes Gerd Bornheim, verá 101 fotografias que mostram uma das mãos de mais de 100 pessoas escolhidas quase aleatoriamente, desde um recém-nascido até uma pessoa centenária. Em preto e branco, as fotos revelam mais do que as diferenças de idade, e mostram mais ainda quanto mais o espectador estiver disposto a buscar compreendê-las em seus detalhes.
- Acho que as marcas que o tempo trás na gente são muito mais emocionais do que físicas. No caso das mãos, tu percebes que o tempo passa de formas diferentes para cada pessoa. Desde o despertar da vaidade com o uso de anéis, pulseiras ou esmalte; os traços de personalidade com uma tatuagem que pode sair no banho aos cinco anos, ou estar na pele para sempre aos 20. E nisso também se revelam questões sociais, como as mãos de duas pessoas da mesma faixa etária, mas em que uma teve todas as oportunidades para se desenvolver, outra precisa lutar diariamente para garantir sua subsistência - exemplifica Ana Cattani.
Juntos há 43 anos, Ana e Airton formam um casal de arquitetos, unidos também pela arte. Ela é de Santana do Livramento, ele é de Garibaldi, onde residem atualmente e também onde encontraram boa parte das pessoas que cederam suas mãos para as fotografias. Também foram feitas fotos em Porto Alegre e em Osório, sendo que o casal ia até a casa das pessoas com um mini-estúdio portátil.
- Há fotos muito simbólicas, como a da mão de um bebê e a mão de seu bisavô. Há também a mão de uma idosa e a de sua cuidadora, de meia idade. Há fotos de mãos gêmeas, de mão que segura uma outra mão nos extremos da vida. Tivemos alguma dificuldade para encontrar as pessoas mais idosas que se dispusessem a participar, por isso foi tão gratificante ter feito esse trabalho num tempo relativamente curto. Foram dois meses de produção - explica Airton.
Além da exposição, que já passou por Porto Alegre e Bento Gonçalves e em março seguirá para Maringá-PR, "Tempo" resultou em um livro homônimo, que estará à venda em Caxias durante o período em cartaz. Um vídeo de cerca de dois minutos _ disponível em QR Code - complementa a exposição, tendo como trilha sonora a música Mad Rush, do compositor americano Philip Glass, interpretada pela musicista caxiense Kátia Cesa.
Neste sábado, a partir das 11h, ocorre um bate-papo com os artistas, que irão dar detalhes do projeto e também mostrar como foi feito o mini-estúdio que permitiu visitar as pessoas fotografadas para a mostra.
PROGRAME-SE
O quê: exposição fotográfica "Tempo", de Ana e Airton Cattani
Quando: abertura nesta terça. Em cartaz até 1º/3. Visitação de segunda a sexta, das 8h às 18h, e nos sábados, das 10h à 16h;
Onde: Galeria de Arte Gerd Bornheim, na Casa da Cultura (Dr. Montaury, 1333, Centro)
Quanto: visitação gratuita