O início do período de pandemia coincidiu com um desafio autoimposto pelo escritor caxiense Juliano De Ros: o de escrever seu primeiro livro de prosa. A missão foi cumprida no final do ano passado com a chegada de As Duas Irmãs, editado pelo próprio autor e oficialmente lançado durante a Feira do Livro de Caxias. Apesar de situar sua personagem principal na década de 1980, e passear por períodos ainda mais distante no tempo por meio de flashbacks, a história criada por De Ros se conecta ao período atual que enfrentamos de alguma maneira.
– O acalanto no passado é marca do meu livro. Acho que apesar de tratar de um assunto pesado, ele tem o contraponto da leveza por revelar as boas memórias da vida da personagem. Trouxe isso porque acho que na pandemia todos nós tivemos que buscar uma reserva de esperança, de alguma coisa boa, no passado – diz De Ros, também autor da coletânea de poesias Semovente (2017).
As Duas Irmãs narra a história de Marta e Guerda, cuja proximidade se intensificou a partir de um acidente que deixou Guerda paraplégica ao pular em uma cachoeira, ainda na juventude. Certo tempo depois do novo cenário imposto pela condição de Guerda, Marta desaparece, deixando a irmã somente com as recordações do passado vivido em família. Apesar de ser uma ficção, a narrativa tem inspiração numa história real, contada ao autor pela amiga e também escritora Lucí Barbijan.
– Ela falou sobre como a irmã abandonada teria sentido raiva da outra. Eu discordei, disse que seria possível, numa situação como aquela, que houvesse a falta, mas também a lembrança com carinho. A Lucy não se convenceu e eu disse “ vou escrever um livro pra te contrapor” (risos) – lembra o escritor, que depois convidou a amiga para assinar a orelha de As Duas Irmãs.
Além dos fragmentos retirados do relato de Lucy, De Ros também buscou inspiração em outras histórias que já escutou de amigos e familiares, além das próprias lembranças da infância e adolescência. Para encarar o desafio de compor uma personagem mulher, ele também se valeu das muitas presenças femininas que o rodearam durante a vida. Uma das mais consultadas foi a mãe do autor, Léa, de 88 anos. Além disso, a esposa de De Ros, Eliane foi a responsável por revisar a obra, enquanto as filhas, Luísa Vitória e Maria Fernanda, assinam as artes presentes nas capa e contracapa de As Duas Irmãs.
– Esse livro foi feito em casa, é bem familiar – define o autor.
A obra está disponível para compra nas livrarias Do Arco da Velha, Maneco e no sebo Só Ler, ao valor de R$ 20.