Quando estamos viajando ou conhecendo um lugar pela primeira vez, a visita a museus costuma ser obrigatória. Mas durante a rotina na cidade onde moramos, muitas vezes esses espaços passam batido, se perdem na paisagem urbana que vemos todos os dias. Foi justamente pensando em provar que museu não é (só) coisa de passeio de escola que o produtor Guilherme Montanari e o arquiteto Gustavo De Carli formataram a programação do 1º Festival Caxiense de Museus. O intuito é promover uma aproximação mais divertida e afetiva entre a comunidade com sua própria história e identidade cultural.
Adaptando-se a algumas mudanças de percurso ocasionadas pela pandemia de coronavírus, o projeto ganhou corpo por meio de uma websérie, que estreia nesta quinta-feira (27). O roteiro, desenvolvido em parceria com o grupo Ueba Produtos Notáveis, vai percorrer 10 museus da cidade, compartilhando olhares pouco explorados sobre esses lugares.
– Queremos despertar esse interesse para que as pessoas vejam esses museus e pensem “uma hora tenho que ir lá”. A ideia é tirar essa ideia de que os museus são lugares burocráticos ou elitistas. São lugares que guardam a nossa história – justifica Montanari.
Os capítulos da websérie terão cerca de 15 minutos cada e serão exibidos sempre nas terças, quintas e domingos, nas redes sociais do projeto. A história pensada para unir todos esses espaços busca inspiração em filmes de detetive dos anos 1950. Na trama, um inspetor de polícia solicita a ajuda de três cômicos detetives para resolver um mistério relacionado à história de Caxias do Sul.
– A problemática se apresenta justamente com alguém querendo saber da onde viemos, para onde vamos e do que é feita nossa cidade. Achei muito bacana essa junção porque o detetive está investigando, procurando, buscando um olhar. Ele será como um público virtual pesquisando coisas do museu. A ideia é despertar a curiosidade sobre o que tem dentro desses lugares – explica Jonas Piccoli, do grupo Ueba.
Uma das preocupações do roteiro foi ser abrangente com relação à representação das muitas culturas e etnias que compõem a cidade.
– Pensamos em não cair no clichê de colocar um personagem colono. Caxias cresceu a muitas mãos, muitas culturas, muitos fazeres – pondera Piccoli.
Outro intuito do Festival Caxiense de Museus foi mesclar essa abordagem divertida sobre as histórias que moram dentro dos museus com performances artísticas que refletissem muito do que a cidade é hoje. Assim, cada episódio da websérie vai encerrar com uma apresentação. Haverá de jazz a tango para dar conta da pluralidade caxiense.
– São atividades que quebram um pouco a expectativa sobre o que achamos que poderia estar dentro de um museu – diz Montanari.
O primeiro episódio da websérie, nesta quinta, será ambientado no Museu Municipal. Até junho, a programação visitará ainda o Museu dos Ex-combatentes da Força Expedicionária Brasileira na II Guerra Mundial (FEB), o Museu da Uva e do Vinho Primo Slomp, o Memorial Atelier Zambelli, o Memorial da Cantina Antunes, o Monumento Nacional ao Imigrante, o Museu de Ciências Naturais da Universidade de Caxias do Sul, o Museu Ambiência Casa de Pedra, o Instituto Hércules Galló e o Centro Cultural Moinho da Cascata. O projeto é viabilizado pelo edital Criação e Formação – Diversidade das Culturas, com recursos da Lei Aldir Blanc.