Não bastasse o engajamento pela literatura, Maneco também teve atuação marcante em outras frentes. Em 1980, mesmo ano em que abriu a livraria, foi um dos fundadores do grupo teatral Miseri Coloni, ao lado de figuras como Pedro Parenti (que hoje batiza o Teatro Municipal, na Casa da Cultura), João e Nadir Tonus, Auri Paraboni e Hugo Lorenzatti.
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— Conheci o Pedro Parenti quando entrei na universidade, em 1977. Ele era o presidente do Diretório Central de Estudantes. A gente se encontrava nos corredores e só conversava no dialeto vêneto. Num dia de chuva, ele veio até a livraria e me falou que tínhamos que montar um grupo de teatro para preservar nossas raízes — conta.
Numa época em que os trejeitos da colônia eram motivo de preconceito — Caxias do Sul vivia rápido crescimento demográfico e industrialização —, o grupo deu vida ao inesquecível Nanetto Pipetta e levou para os palcos uma adaptação de O Quatrilho, romance de José Clemente Pozenato que anos mais tarde levaria o Brasil à disputa pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
— Na época das filmagens, o Barreto (Fábio Barreto, diretor) assistiu a peça várias vezes. Tem quatro cenas que ele fez iguaizinhas ao teatro — revela Maneco, que integrou o elenco.
Ainda no cinema, atuou nos longas Oriundi (2000) e Nossa Senhora de Caravaggio (2007, também dirigido por Barreto), além do curta Ego Sum! (2013), que faturou mais de 20 prêmios mundo afora — entre eles, uma menção honrosa de Melhor Ator no Independent Short Awars, em Los Angeles (EUA).
O livreiro também fez história no rádio. Durante 33 anos, comandou o programa Cancioníssima, na Rádio São Francisco, "primeira atração do rádio brasileiro falada em dialeto vêneto".
DEPOIMENTOS:
Trabalhei com o Maneco por 25 anos. Aprendi com ele muito mais do que a minha profissão, mas lições de vida. Em todos esses anos trabalhando na área, vejo que o Maneco é uma das poucas pessoas que realmente é apaixonada pelos livros, sempre encarando com entusiasmo o ofício.
Cristiano Bartz Gomes, livreiro.
Eu conheci o Maneco no Diretório Central de Estudantes da UCS. Isso faz alguns anos, por isso nossos cabelos brancos! (risos) Ele sempre foi uma pessoa simples, do interior, me identifiquei muito logo de início. Fizemos teatro e rádio juntos por mais de 30 anos. É uma longa caminhada.
Nadir Tonus, ex-companheiro de palco e de rádio.
Quando fiquei na gerência da Sulina, Maneco me apoiava muito. Como eu não tinha carro, era ele quem levava meus livros para as feiras que participávamos pela região. Depois, quando inaugurei minha própria livraria, se colocou à disposição para ajudar, inclusive caso precisasse de algum exemplar que estivesse em falta. Somos parceiros há muitos anos: trocamos livros, informações e gentilezas.
Maria Helena Lacava, livreira.
Conheço todos os lados do Maneco. Fui cliente, depois trabalhei como vendedor na rua e, por último, como autor. Ele publicou seis livros meus, inclusive "O Sino do Campanário", que foi minha estreia. Maneco me ensinou muito sobre os livros e sou muito grato.
Uili Bergammín Oz, escritor.