A Sala de Cinema Ulysses Geremia, reduto caxiense dos lançamentos que correm por fora do circuito de blockbusters, retorna nesta quinta (9) após recesso de férias. O longa escolhido para abrir a programação 2020 é o francês Estaremos Sempre Juntos. Dirigido por Guillaume Cannet, o filme promete agradar os frequentadores tradicionais do espaço, que têm apreço especial pelas produções vindas do país. Misturando momentos de comédia com um pano de fundo mais dramático – que aborda a temática da depressão –, Estaremos Sempre Juntos investe atenções na vida depois dos 50, quando as cobranças por equilíbrio emocional e sucesso financeiro acabam se tornando ainda mais opressivas.
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A história gira em torno de Max (vivido pelo reconhecido François Cluzet), que costumava ser o anfitrião de seu grupo de amigos nas férias, também por possuir uma propriedade localizada à beira-mar. Amargando um hiato na amizade do grupo e uma forte crise financeira, Max decide se desfazer da casa, mas é surpreendido por uma visita de amigos que não via há pelo menos cinco anos. Falido e em depressão, ele terá de lidar com a presença do grupo, composto por personagens que mudaram bastante com o passar dos anos.
Estaremos Sempre Juntos é uma continuação de Até a Eternidade, lançado em 2012 pelo mesmo diretor e com o mesmo elenco. A história do segundo filme, no entanto, não exige conhecimento prévio para ser curtida. Algumas referências à primeira obra surgem ao longo da narrativa, mas o diretor utiliza um formato capaz de ser compreendido pelo espectador, e o melhor, sem cair na velha armadilha das explicações exageradas. Um exemplo é o personagem Vincent (Benoit Magimel), que surge agora com um namorado, mas fica subentendido que, no passado (ou no primeiro filme), ele era casado com Isabelle (Pascale Abillot), com quem tem um filho, aliás.
Outra ligação entre os dois filmes são as referências a um amigo que o grupo perdeu, e a saudade que ele ainda causa. Além disso, o diretor repete a boa seleção de músicas para embalar a convivência dos amigos – se antes tinha Creedence e Jet, agora tem Cindy Lauper e Nina Simone.
O tom bem-humorado do roteiro rende algumas gargalhadas, principalmente relacionadas ao personagem Antoine (Laurent Lafitte), uma espécie de “paspalhão” do grupo. Mas a história carrega como subtexto um assunto mais delicado, a depressão que atinge muitas pessoas depois dos 50 anos. Para Max, o fato de estar falido acaba se transformando em justificativa para a doença, já que ele não aceita sua nova condição financeira. No entanto, por vezes a insistência do personagem em manter uma vida “de rico” mesmo não mais o sendo acaba irritando o espectador, soando mais como imaturidade do que como um real problema emocional.
Marion Cotillard, um dos nomes mais fortes no elenco, tem um papel secundário, que ganha um breve destaque mais ao final da trama. Além da personagem vivida pela atriz, outras histórias que poderiam ser melhor exploradas na trama acabam não tendo tanto espaço, apesar da longa duração da obra (são 135 minutos). O diretor parece mesmo priorizar um conceito de grupo, já que a maior parte das cenas mostram momentos compartilhados pelos amigos juntos. Talvez seja essa realmente a intenção do filme, a de reforçar a importância da vida celebrada em comunidade, com múltiplos e diferentes afetos.
:: Programe-se
O quê: drama francês “Estaremos Sempre Juntos”, de Guillaume Cannet.
Quando: estreia nesta quinta (9) e fica em cartaz até o dia 19, com sessões de quinta a domingo, sempre às 19h30min.
Onde: Sala de Cinema Ulysses Geremia, no Centro de Cultura Ordovás (Rua Luiz Antunes, 312).
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (idosos, servidores municipais e estudantes).
Duração: 135 minutos.
Classificação indicativa: 14 anos.
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