Marcos Kirst
Levava como título “Embaraço após o térreo” e, como data, o hoje longínquo 10 de novembro de 1985, que se perde nas brumas do tempo, arremessando-nos de volta ao século passado, nos estertores de um milênio ainda analógico. O texto versava, de modo bem humorado (o que se tornaria uma espécie de marca registrada dali em diante, mas na época as madamas, o Argentino, a Dona Esmeraldina, as senhorinhas da hora do chá, ainda não circulavam pela aí nestes sempre mal-digitados, intermináveis e asfixiantes períodos, tecidos impunemente por um autointitulado cronista mundano de segunda), sobre a sempre constrangedora situação que se estabelece entre os desconhecidos que, ao longo de alguns curtos e intermináveis segundos, se veem obrigados a compartilhar o exíguo espaço de um elevador, submetendo-se a uma intimidade física indesejada e constrangedora, apesar de breve. Dava-se, ali, a minha estreia pública enquanto cronista, na edição daquela data do hoje extinto jornal “A Razão”, de Santa Maria.
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