Quando escreveu seus primeiros sonetos, em meados de 2017, Arthur Campagnolo Della Giustina cursava o Ensino Médio no Colégio La Salle Carmo. Hoje, aos 18 anos, o estudante de Direito apaixonado por poesia romântica é o mais jovem presidente na história da Academia Caxiense de Letras (ACL), posto que assumiu no dia 30 de novembro.
A paixão pelas letras aflorou ainda na infância, quando ficava praticamente hipnotizado ao assistir ao avô paterno declamar Meus Oito Anos, de Casimiro de Abreu. Aliás, os autores consagrados da literatura brasileira foram suas primeiras referências. Entram aí Gonçalves Dias, da icônica Canção do Exílio, o pré-modernista Augusto dos Anjos e o sempre aclamado Machado de Assis, de Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro.
— Sou um poeta que é resultado dessa época. O que eu busco no passado é uma questão de estética, mas os temas que tento trazer para a literatura são atuais. Eu penso que o passado é muito importante na construção da cultura de um povo. A literatura clássica não deve ser menosprezada, mas sempre olhando para frente, reinventando — justifica Arthur.
Entre os autores locais, é admirador confesso de Maya Falks e Dinarte Albuquerque Filho, por trazerem “significado e força naquilo que escrevem”. Nil Kremer, Jaque Pivotto e Pippo Pezzini também figuram entre os preferidos.
Com tantas referências, escrever os próprios versos foi questão de tempo. Incentivado pela professora Roseli Simone Pinto, do Carmo, decidiu colocar no papel os próprios sentimentos e visão de mundo.
Os frutos são promissores: o jovem imortal acumula participação em cinco antologias, tendo sido premiado em Minas Gerais e São Paulo. O primeiro livro solo já tem título definido e está no forno: Eis-me Aqui deve ser lançado ano que vem.
— Foram dois anos dedicados não só à produção literária, mas também ao estudo e ao aperfeiçoamento. Inicialmente, eu tinha bastante dificuldade, sem saber o meu propósito como escritor. Pensava que poesia era forma, métrica, rima. Aos poucos, fui desconstruindo esse conceito e me fazendo poeta — garante.
Eleito para liderar a Academia Caxiense de Letras no biênio 2020-2021, Arthur defende uma aproximação da entidade com o público leitor. Para tanto, pretende desenvolver projetos em escolas, ampliar a divulgação de autores caxienses com exposição de cartazes em cafés e locais públicos, além de apostar nas mídias digitais:
— Por muito tempo, a Academia acabou sendo relapsa com os novos autores. Agora é um novo capítulo. Me sinto muito confiante.
A primeira novidade da gestão já está em vigor: uma parceria com a UCS permitiu que a ACL utilize a estrutura do campus para suas atividades.
DICA DE LEITURA:
Histórias de Minha Morte, de Maya Falks
É uma escritora que me agrada por ser preocupada com o coletivo. Maya nos toca naquilo que é mais humano, a realidade e os acontecimentos do cotidiano. Ela tem uma literatura muito intensa. Como leitor e escritor, eu valorizo essa característica.