O Carnaval tem cores e sensações que deveriam aflorar não somente em fevereiro. É isso que o grupo potiguar Orquestra Greiosa defende em suas canções sob a ideologia O Carnaval Nunca Acaba, grito de guerra que também dá nome ao segundo álbum deles, lançado neste ano. Nesse clima de pintar o ambiente com as cores da liberdade e da celebração, o grupo atravessa o mapa do país para comandar a folia na festa O Carnaval é Logo Ali, marcada para esta quinta (14), no espaço UAB Cultural.
— O Carnaval representa um Brasil que poderia ser, mas não é né. Nosso mote do O Carnaval Nunca Acaba tem a ver com isso, de deixar o Carnaval dentro da gente, porque ele remete a esse tipo de clima, de amor, de alegria, de pertencimento, de rua. Para a gente, o Carnaval tem essa representatividade — explica o guitarrista Anderson Foca, que integra o grupo ao lado de Angela Castro, Gabriel Souto, Paulo Souto, Zé Caxangá, Kleber Moreira, Silvio Franco e Simona Talma.
A Orquestra Greiosa surgiu há quatro anos, justamente motivada pela criação de um bloco de Carnaval. Todos os integrantes possuem outros projetos musicais no Rio Grande do Norte, característica que os aproxima dos organizadores da festa de amanhã: os caxienses do Bloco da Ovelha, outro coletivo de artistas unidos pelo amor ao que o Carnaval representa. Importância, aliás, que tem ganhado tons ainda mais políticos frente ao cenário do Brasil atual. Na canção Só Escutando, faixa do disco mais recente, a Orquestra Greiosa defende "No meio de tanto ódio/E tanta violência/Eu vou morrer de amor/Vou me jogar no salão/Eu vou curar a dor/Na batida do coração".
— É uma coisa libertária, as pessoas podem ser elas mesmas, podem se fantasiar, podem ter ideia do que podem ser e do querem ser também. O Carnaval é antagonista a esse período de obscuridade do país. Estamos totalmente ligados a essa revolução pessoal. Politicamente, nós não estamos sendo representados, então, o Carnaval fala sobre isso, tem essa conotação para gente. Ele tem um papel social fundamental — opina Anderson Foca.
A promessa da Orquestra Greiosa é levar toda a alegria do bloco montado para o Carnaval de Natal para o palco da UAB Cultural. O som dos caras provoca calor instantâneo ao mostrar uma pesquisa de ritmos das praias brasileiras. Além de canções próprias, o repertório conta com algumas releituras de Edson Gomes, Rita Lee, Paralamas do Sucesso, Gonzaguinha, entre outros.
— A Greiosa mistura elementos da ancestralidade com uma coisa mais contemporânea, eletrônica. A gente trabalha com muito beat eletrônico misturado com tambor, percussão. Estamos animados em saber como que o que fazemos aqui no Nordeste vai ser encarado no Sul, que é quase um outro Brasil. Estamos muito distante geograficamente e muito curiosos para saber como isso vai impactar aí — diz Foca.
O músico cultiva relação estreita com Caxias, já tocou por aqui com sua outra banda, a Camarones Orquestra Guitarrística, e é fã de bandas como a Catavento, a Cuscobayo e o duo CCOMA. Além disso, Anderson Foca está ansioso para reencontrar outro "hit" da Serra:
— Amo a comida daí, amo o bauru caxiense.
PROGRAME-SE
:: O quê: festa Carnaval é Logo Ali, com apresentações da Orquestra Greiosa (RN) e do Bloco da Ovelha.
:: Quando: nesta quinta (14), às 22h.
:: Onde: UAB Cultural (Av. Independência, 2.542).
:: Quanto: R$ 35, à venda na Hip Muito além do Skate (Visconde de Pelotas, 951) e no Reffugio Art Café (Rua Tronca, 3.485), ou online pelo www.sympla.com.br/blocodaovelha (há taxas).