Ser negro no Brasil é remar contra a maré. Se é preciso marcar a presença do negro no país com uma data específica, como o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, é porque ainda há barreiras que separam brancos e negros. Há racismo, velado ou declarado, que segue maculando, machucando, corrompendo e matando os negros.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, em 2016, 54,9% da população brasileira era formada por negros. Em 2017, 65.602 pessoas foram assassinadas no país. Destes, 49.505 eram negros. Na estatística do Atlas da Violência, os demais 14 mil homicídios foram praticados pelo que se convencionou chamar não-negros, ou seja, brancos, amarelos e/ou pardos.
Negros e negras têm sido o maior alvo da violência, é fato. Além dos outros atos violentos como, injúria racial, ridicularização, coação, humilhação, e o deboche em tom de falsa empatia: “ah, mas tu nem é negro, é moreninho”, ou ainda, “ela é uma excelente profissional, só que ela é preta”. Por essas e outras, é importante dar voz, espaço e oportunidade para que os negros sintam-se respeitados e representados, e tantos outros verbos de acolhimento imagináveis, além, é claro, da possibilidade de sentirem-se como seres humanos.
– Ainda trata-se o negro como escravo e não como sujeito escravizado. Me recordo de que sempre foi muito desconfortável ler sobre a história da população negra, porque eu me via como um animal. E eu não tinha a consciência do quanto o negro havia contribuído para a construção do Brasil. Porque a escola não abordada nesta perspectiva – revela o jornalista Rodrigo Moraes, 25 anos.
Moraes é um cara engajado, mas não defende a identidade do negro com armas de guerra. Suas ideias e capacidade de empatia e amor são mais fortes do que se respondesse às agressões com pedras e pontapés. Moraes é do naipe do músico João Batista Boeira; da bailarina e atriz Carla Vanez; do casal Therezinha e Alcidney Josende da Rosa e suas filhas Kátia e Gláucia; da professora Daniela Padilha, do marido Aldair, e do seu filho Arthur; da educadora social Ângela Martins; da estudante de Direito Andriele Pinheiro da Silva; da recepcionista Pâmela Machado Boeira; e do cantor e vendedor Igor Rosa Soares.
Negros e negras, orgulhosos de quem são, e em paz com sua ancestralidade. E, nestas páginas, tornam-se modelos para além da moda, porque são modelos para a vida. Saravá, negros e negras desse Brasilzão! Consciência humana para todos os brasileiros, para muito além desse 20 de novembro. Que a vida seja como escreve Conceição Evaristo, em Vozes-mulheres:
“O ontem - o hoje - o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
o eco da vida-liberdade”.
A seguir, confira o ensaio fotográfico e reflita sobre o Dia da Consciência Negra.
Ficha técnica
Maquiagem: Luiz Henrique Foscarini
Cabelo: Jefferson Hoffmann
Figurinos: Carol Potrick (roupas femininas) e Arm Fur (roupas masculinas)
Acessórios: Raquel Romani
Locação: Estúdio JH
Supervisão: Laisa Susin
Agradecimento: Sandra Trintinaglia e Carla Vanez
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