Ao som de funk em um baile carioca, ouvem-se as frases: "Se eu chegar lá, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa", "Não vai ter um centímetro demarcado para terra indígena ou quilombola", "Vamos colocar um ponto final em todo ativismo brasileiro". Em cena, o Brasil plural, da favela e da mata virgem, urbano e litoral. Todo esse carnaval visual é poesia de cruz e espada na dramaturgia criada pela caxiense Amanda Palma, que confronta a condição social do país, sob a ótica incendiária de Jair Bolsonaro (PSL), ainda em campanha presidencial.
Radicada no Rio de Janeiro há cinco anos, Amanda emplacou #Taitiria na programação oficial do Fringe Festival Amsterdam, na Holanda. O filme, na explicação de Amanda, é "teatro-documentário-prática corporal composto por paisagens naturais deslumbrantes e festas maravilhosas, em contraste com o fascismo desenfreado do país, autoritarismo e problemas sociais profundamente enraizados". #Taitiria já foi exibido nos dias 8 e 9, e voltará à tela, sábado e domingo, no Fringe Festival Amsterdam.
— Fiquei muito feliz com as duas primeiras exibições. Senti o público bastante atento e carinhoso com minha história. Me senti bem recebida pelo festival e pelos amigos que tenho por aqui. De modo geral, estou achando minha participação positiva. Mas acho que o melhor feedback que eu recebi foi de uma senhora que me pediu um abraço no final da minha estreia — revela Amanda, 30 anos.
O pulo do gato de Amanda foi ter sintetizado o discurso de Bolsonaro pré-eleitoral, tendo como um dos panos de fundo a Floresta Amazônica, antes do maior incêndio arder mata adentro. Quando a notícia ganhou o mundo, Amanda já havia emplacado a seleção do filme na Holanda.
— O meu objetivo com o filme é levar o público a um passeio audiovisual entre paisagem, sons e situações. Não considero um manifesto, mas um recorte da atualidade. Um storytelling sensorial através da minha vivência como documentadora de mim mesma e do meu ao redor. Claro que assim como qualquer cidadão eu tenho minhas visões, porém em #Taitiria eu vejo esse cenário mais como um pano de fundo para uma jornada em busca de caminhos de cura: a cura individual, cura do coletivo, cura da natureza… — argumenta.
Há um tanto de política e de crítica social no filme de Amanda, mas também há sinais de que é preciso encontrarmos um caminho para sublimar e transcender esse percurso.
— Acredito que minha visão de mundo se construiu a partir de um todo de experiências: Da educação que eu recebi da minha família; minha infância e juventude aí em Caxias; todas as oportunidades de aprendizado que eu recebi; dos trabalhos que eu realizei... A yoga veio como um complemento pra tornar tudo isso um pouco melhor. E no meu caso a porta de entrada para uma vida mais saudável — sintetiza.
Fica claro que há duas jornadas em #Taitiria. Uma delas é uma travessia por paisagens e palavras, e outra, através do mundo interior, a busca do eu, raízes ancestrais e experiências de curas meditativas, ancestrais e rituais. Aliás, essa é uma das chaves para se entender de onde vem o nome do filme #Taitiria, uma apropriação de Amanda para um termo derivado das escritas sagradas indianas dos upanishads.
— Essa palavra provém de The Taittirīya Upanishad, que são textos em sânscrito que falam sobre essa conexão do eu, com o mundo, o corpo... Mas eu modifiquei a grafia e considero quase como um nome próprio, porque parece um nome de mulher.
Esse olhar investigativo de Amanda foi amplificado ainda antes de nascer a ideia de conceber #Taitiria.
— Eu acredito que o ponto de partida do projeto foi a oportunidade de ter conhecido diferentes artistas e lugares do Brasil de uma forma que antes eu não conhecia, através do Projeto Casa Rodante em parceria com o cineasta caxiense Vinícius Guerra e também a minha participação no coletivo Elekô - Mulheres de Pedra. Acredito que estas foram as duas principais experiências sobre um fazer cinema documental de forma colaborativa e independente — defende.
#Taitiria é um filme realizado em viagens pelo Brasil e que parece carregar a doce sina de seguir em jornada, desta vez para o mundo.
— Espero apresentar pelo menos em Lisboa e Londres antes de voltar para o Brasil. E claro, espero muito em breve ir pra Caxias com o projeto e também para visitar meus amigos e família.
Depois de #Taitiria, e antes da jornada de divulgação cessar, Amanda já planeja novos projetos.
— Eu e as diretoras Daniela Kern Sznelwar e Jéssica Rezende estamos desenvolvendo o projeto Terra, que conta histórias sobre processos de dor e cura através da ocasião do desastre Brumadinho. E também estou finalizando a edição de Jananã com Jade Rainho, um documentário de autoria das Mulheres Indígenas Cineastas do Povo Myky com apoio do Cimi-Regional Mato Grosso.
É outro filme, mas como se vê, segue a jornada exterior para tentar desvendar o interior. Namastê, Amanada.
Confira a seguir o teaser do filme #Taitiria, de Amanda Palma.
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é uma jornada visual de imagens e palavras que ecoam no imaginário da criadora em cinco anos de viagens pelas estradas, documentando ambientes e paisagens humanas e naturais do Brasil. Enquanto a beleza entra em conflito com a violência e a natureza com a destruição #taitiria apresenta um diário visual dos contrastes do Brasil nos dias de hoje. O trabalho se apresenta então como a convergência entre dois mundos - o mundo "real", da situação política e social brasileira, e o mundo interior, a busca do eu, raízes ancestrais e experiências de curas meditativas, ancestrais e rituais. A palavra "taitiria" é uma apropriação de Amanda para um termo derivado das escritas sagradas indianas dos upanishads.
As sequências de imagens são exibidas sobre o corpo de Amanda enquanto ela executa uma prática de cura física que combina dança brasileira, ioga, respiração e mantras.
#taitiria é uma jornada visual de imagens e palavras que ecoam no imaginário da criadora em cinco anos de viagens pelas estradas, documentando ambientes e paisagens humanas e naturais do Brasil. Enquanto a beleza entra em conflito com a violência e a natureza com a destruição #taitiria apresenta um diário visual dos contrastes do Brasil nos dias de hoje. O trabalho se apresenta então como a convergência entre dois mundos - o mundo "real", da situação política e social brasileira, e o mundo interior, a busca do eu, raízes ancestrais e experiências de curas meditativas, ancestrais e rituais. A palavra "taitiria" é uma apropriação de Amanda para um termo derivado das escritas sagradas indianas dos upanishads.
As sequências de imagens são exibidas sobre o corpo de Amanda enquanto ela executa uma prática de cura física que combina dança brasileira, ioga, respiração e mantras.
teatro-documentário-prática corporal
A documentarista gaúcha Amanda Palma apresenta # Taitiria nos próximos dias 8, 9, 14 e 15, no Mezrab, a casa das histórias, como parte do Fringe Festival Amsterdam, na Holanda.
TEXTO CORRETO AQUI ??
Quando foste para o RJ, e por que topaste para sair de Caxias e com que propósito?
Acho que pra mim acabou sendo um movimento natural, por também ter família lá, então acho que depois da faculdade eu senti essa necessidade de abrir um pouco minhas possibilidades e experimentar estar em outro lugar.
Tu pratica yoga ou é adepta da espiritualidade oriental? O quanto da tua visão de mundo se construiu a partir disso?
Dentro da realidade do dia-a-dia eu procuro praticar. E acredito nos benefícios da prática em relação à saúde e bem-estar independente de religião, nacionalidade, etc.
_ Acredito que minha visão de mundo se construiu a partir de um todo de experiências: Da educação que eu recebi da minha família; minha infância e juventude aí em Caxias; todas as oportunidades de aprendizado que eu recebi; dos trabalhos que eu realizei... A yoga veio como um complemento pra tornar tudo isso um pouco melhor. E no meu caso a porta de entrada para uma vida mais saudável.
Como nasceu o teu projeto? Como foi concebido?
_ Eu acredito que o ponto de partida do projeto foi a oportunidade de ter conhecido diferentes artistas e lugares do Brasil de uma forma que antes eu não conhecia, através do Projeto Casa Rodante em parceria com o cineasta Vinícius Guerra e também minha participação na coletiva Elekô - Mulheres de Pedra, acredito que foram minhas duas principais experiências sobre um fazer cinema documental de forma colaborativa e independente.
_ O projeto em si nasceu de uma necessidade minha de me desafiar a realizar algo que fosse interessante pra mim como criadora e também interessante na cena artística. Fisicamente o projeto nasceu ano passado, quando eu conheci o Fringe Festival Amsterdam e acreditei que seria uma plataforma interessante para dar partida.
Quando tu escreve, sobre teu doc-teatro que é uma "jornada visual de imagens e palavras que ecoam no imaginário da criadora em cinco anos de viagens pelas estradas, documentando ambientes e paisagens humanas e naturais do Brasil"... que viagem foi essa? É mais do que um passeio geográfio? Por onde tu esteve?
Em #taitiria procuro levar o público em quatro diferentes viagens pelo Brasil comigo. Mas prefiro não descrever pra não estragar a surpresa, ou dar spoiler como dizem…
Como foi a repercussão da exibição do filme? Qual tem sido o feedback?
Não quero perguntar isso para limitar o olhar do espectador, mas qual teu objetivo com o filme, o que tu quer chamar a atenção das pessoas? Tu trata ele como um filme-manifesto desse atual momento que não só o Brasil vive, mas vários países do mundo, de uma guinada extrema à direita?
E daqui para diante, qual o itinerário do filme? Poderemos vê-lo aqui em Caxias?
_ Espero apresentar pelo menos em Lisboa e Londres antes de voltar para o Brasil. E claro, espero muito em breve ir pra Caxias com o projeto e também para visitar meus amigos e família!
E tu estás desenvolvendo algum outro projeto atualmente?
_ Sim, eu e as diretoras Daniela Kern Sznelwar e Jéssica Rezende estamos desenvolvendo o projeto Terra, que conta histórias sobre processos de dor e cura através da ocasião do desastre Brumadinho. E também estou finalizando a edição de Jananã com Jade Rainho, um documentário de autoria das Mulheres Indígenas Cineastas do Povo Myky com apoio do Cimi-Regional Mato Grosso.
Muito obrigado pela tua atenção e se quiser acrescentar algo a mais, fique bem a vontade. Se achar melhor gravar as respostas em áudio, fica bem a vontade.
p.s: podemos postar o teaser?
sim, favor usar esse aqui, e se possivel o link do evento no fringe.
TEASER:
https://vimeo.com/353324643
caso seja noticia online dá pra botar o link do meu site: www.amandapalma.com.br
p.s.1: tens fotos tuas aí das exibições, ou em algum evento do festival?
Fotos em anexo. credito das fotos: Luana Ferreira
Obrigada!
Gostei muito de responder <3
--
Amanda Palma
VIDEOGRAPHER
DOCUMENTARY FILMMAKER
CONTENT CREATOR
amandapalma.com.br
@toda_natural
Documentarista Amanda Palma apresenta #taitiria na Holanda
A documentarista gaúcha Amanda Palma apresenta # Taitiria nos próximos dias 8, 9, 14 e 15, no Mezrab, a casa das histórias, como parte do Fringe Festival Amsterdam, na Holanda. O trabalho se apresenta como teatro-documentário-prática corporal composto por paisagens naturais deslumbrantes e festas maravilhosas, em contraste com o fascismo desenfreado do país, autoritarismo e problemas sociais profundamente enraizados. As sequências de imagens são exibidas sobre o corpo de Amanda enquanto ela executa uma prática de cura física que combina dança brasileira, ioga, respiração e mantras.
#taitiria é uma jornada visual de imagens e palavras que ecoam no imaginário da criadora em cinco anos de viagens pelas estradas, documentando ambientes e paisagens humanas e naturais do Brasil. Enquanto a beleza entra em conflito com a violência e a natureza com a destruição #taitiria apresenta um diário visual dos contrastes do Brasil nos dias de hoje. O trabalho se apresenta então como a convergência entre dois mundos - o mundo "real", da situação política e social brasileira, e o mundo interior, a busca do eu, raízes ancestrais e experiências de curas meditativas, ancestrais e rituais. A palavra "taitiria" é uma apropriação de Amanda para um termo derivado das escritas sagradas indianas dos upanishads.
Caxiense radicada no Rio de Janeiro há cinco anos, Amanda Palma é uma documentarista brasileira que se dedica a pesquisar o Brasil. Através de seu trabalho por dentro de aldeias indígenas na Amazônia e Mato Grosso, até as favelas do Rio e o desastre de Brumadinho, ela coleciona e compartilha imagens e experiências. #taitiria é seu trabalho autoral de estreia que conecta essas diversas realidades através da luz da busca interna por paz e saúde mental e física.
"Sou uma contadora de histórias vivendo um documento vivo. Obcecado por tudo que é humano, ritmo, beleza e cura. Estou vivendo uma vida nômade, atraída por energias, por pessoas que quero conhecer e por causas em que acredito e apoio. Este trabalho é uma coleção de peças minhas. Peças que estive espalhando, montando, imagens e palavras que ecoam na minha mente", diz Amanda.
Depois das apresentações na Holanda, Amanda Palma pretende circular com #taitiria pela Inglaterra e Portugal. Em novembro volta para o Brasil, quando planeja circulação pelo país.
#taitiria
https://www.instagram.com/toda_natural/
www.amandapalma.com.br
amanda.palma.az@gmail.com
TEASER 1: https://vimeo.com/353324643
Facebook event: https://www.facebook.com/events/670746333398754/
Contato Amanda Palma: Fone/watts: (21) 99916-2678
Carlinhos Santos - Jornalismo Cultural - (54) 996971964
Perguntas:
Quando foste para o RJ, e por que opaste para sair de Caxias e com que propósito?
Tu pratica yoga ou é adepta da espiritualidade oriental? O quanto da tua visão de mundo se construiu a partir disso?
Como nasceu o teu projeto? Como foi concebido?
Quando tu escreve, sobre teu doc-teatro que é uma "jornada visual de imagens e palavras que ecoam no imaginário da criadora em cinco anos de viagens pelas estradas, documentando ambientes e paisagens humanas e naturais do Brasil"... que viagem foi essa? É mais do que um passeio geográfio? Por onde tu esteve?
Como foi a repercussão da exibição do filme? Qual tem sido o feedback?
Não quero perguntar isso para limitar o olhar do espectador, mas qual teu objetivo com o filme, o que tu quer chamar a atenção das pessoas? Tu trata ele como um filme-manifesto desse atual momento que não só o Brasil vive, mas vários países do mundo, de uma guinada extrema à direita?
E daqui para diante, qual o itinerário do filme? Poderemos vê-lo aqui em Caxias?
E tu estás desenvolvendo algum outro projeto atualmente?
Muito obrigado pela tua atenção e se quiser acrescentar algo a mais, fique bem a vontade. Se achar melhor gravar as respostas em áudio, fica bem a vontade.
Muito obrigado.
p.s: podemos postar o teaser?
p.s.1: tens fotos tuas aí das exibições, ou em algum evento do festival?
<A_EMAIL>
marcelo.mugnol@pioneiro.com
<D_MAC_TITULO>
AGENDE-SE
<MAC_TEXTO_MC>
O quê: Show beneficente para Daisy Fortes, com Egisto Dal Santo e banda Bardos da Pangeia
Quando: sábado, a patir das 18h
Onde: 77 Rock Bar (Rua do Guia Lopes, 567 - Caxias)
Quanto: ingressos a R$ 15, com toda a renda revertida para a Daisy