Fala serena, sorriso brando e uma inabalável paixão por poesia. Aos 53 anos, o escritor Délcio Antônio Agliardi teve seu nome anunciado como patrono da 35ª Feira do Livro de Caxias do Sul, após reunião da comissão organizadora na manhã desta segunda-feira (29). Doutor em Letras pela UCS, ele sucede Rejane Rech na tarefa de encabeçar a divulgação da maior festa literária do interior gaúcho.
— Ainda não caiu a ficha, mas é um momento de muita alegria e gratidão. Eu gosto da ideia que Guimarães Rosa nos trouxe: o capinar é solitário, mas a colheita é coletiva. A literatura é assim: um trabalho solitário, constante, mas que um dia traz suas recompensas coletivamente. Hoje meu coração está repleto dessa alegria — disse à reportagem momentos depois de ser confirmado patrono.
Apaixonado pelos versos de Drummond, Adélia Prado e Ferreira Gullar, além de admirar mestres locais como José Clemente Pozenato, Marco de Menezes e Eduardo Dall'Alba, Agliardi é autor de três livros: Duetto Poético (2015), A Coruja de Pernas Tortas (2017) e Rotas do Imaginário (2018). O patrono também acumula participações em antologias e premiações literárias.
Para as próximas semanas, uma novidade de peso internacional. Editado pela luso-brasileira Chiado Books, o autor lança em maio A Caixa Dourada, obra infantil que também estará à venda Portugal, Angola e Cabo Verde — trata-se do mais recente capítulo de uma paixão que remonta à infância, quando, no interior de Machadinho, a avó Marcelina encantava o pequeno Délcio com as fabulosas histórias do folclore brasileiro.
— Mesmo muito simples e analfabeta, minha avó era uma excelente contadora de histórias. Foi com ela que eu tive meu primeiro contato com a literatura, em sua forma oral. Os livros vieram mais tarde, na adolescência, quando fui estudar no Seminário Nossa Senhora de Fátima, em Ipê — relembra.
Amiga do livro
Délcio Agliardi não estará sozinho na divulgação da feira: o patrono terá a companhia da poeta pratense Bernardethe Zardo, eleita "amiga do livro". Pós-graduada em Artes, Desenho e Filosofia, Bernardethe tem 73 anos e ocupa a cadeira 31 da Academia Caxiense de Letras. É autora de A Menina do Arco, lançado pela Editora Maneco em 2012, e Poema-Casa, agraciado com o Prêmio Vivita Cartier em 2017.
— Estou extremamente grata pelo convite. É sempre uma alegria ser lembrado por algo que a gente faz com tanto amor, como a literatura. É difícil expressar essa gratidão em palavras — disse à reportagem.