Mulher pode estar em todos os lugares. Mas a cada dia é preciso reafirmar, porque elas ainda são minoria em cargos de liderança. Na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, por exemplo, dos 23 parlamentares, apenas quatro são do sexo feminino. Mulher também pode ser o que ela quiser: uma profissional ou dedicar-se somente ao cuidado dos filhos. Ou, se preferir, não tê-los. Neste 8 de Março, mostramos histórias de mulheres protagonistas, que resolveram empreender, entrar na política, ter uma banda de thrash metal, jogar futebol americano e ser, ou não, mãe.
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O rock é um ambiente musical dominado por homens e, quando o assunto é metal (vertente mais pesada do gênero), a presença feminina é ainda mais rara. Em Caxias, um quarteto de mulheres com idades entre 25 e 30 anos está desbravando esse universo com atenções focadas na criatividade, na técnica, no profissionalismo e no amor pela música. A Hatomic fará seu primeiro show neste sábado (9), em São Leopoldo, mostrando canções próprias de thrash metal, estilo representado internacionalmente por nomes como Sepultura, Slayer e Megadeth.
Jennifer Poletto (vocal), Thais Oliveira (guitarra), Bruna Cruz (baixo) e Dani Borges (bateria) uniram experiências e referências musicais diferentes – algumas vieram do punk, outras começaram no black metal – que se converteram num som cheio de pegada e peso (ouça abaixo). O caminho até o thrash metal foi natural: todas gostam e queriam criar nessa área. Ainda não é possível avaliar a recepção do público à performance da banda ao vivo, já que o primeiro show não foi realizado, mas as gurias apreciariam se as comparações com homens fossem evitadas. Isso porque, no meio do metal, ainda é comum ouvir elogios como “você toca melhor do que um homem”.
— Por que para ela ter um timbre legal, para ela tocar bem, para ter uma pegada, por que tem que ter sempre esse parâmetro com um homem? Por que não pode ser só um elogio sem a comparação? — questiona a baixista.
De fato, o metal é um estilo musical onde a técnica é muito valorizada. Talvez por isso as musicistas da Hatomic tenham demorado mais de seis meses buscando muito estudo e preparo para subir ao palco pela primeira vez. Chamam atenção, por exemplo, a potência do vocal gutural de Jennifer e a agilidade da baterista Dani.
— Estamos aqui para levar nosso amor pela música adiante e, acima de tudo, com técnica, bem feito. A diferença mesmo não é a questão de ser mulher ou homem e sim a intenção da banda. Estamos aqui focadas em fazer músicas próprias, o importante sempre vai ser a música — defende a vocalista.
As integrantes da Hatomic não querem que o fato de serem mulheres chame mais atenção do que sua música, porém, entendem que essa é uma ferramenta que pode, e deve, ser usada a favor delas mesmas.
— Eu acho um merchandising muito bom porque como “não é comum” a gente gera curiosidade para dizer “vai lá ver”. Isso traz público para a gente, para o rock e para toda a cena — reflete Jennifer.
Amparadas no protagonismo feminino de artistas como Joan Jett, Angela Gossow/Alissa White (Arch Enemy), Brody Dale (The Distillers), Lita Ford e Orianthi, as integrantes do Hatomic comemoram também o fato de poderem se tornar referência para outras fãs de rock e metal que desejam aprender a tocar.
– Pode ser que outras se inspirem na gente e isso é ótimo. Tipo, se a gente tá aqui, vocês também podem – aponta a baterista.
– Vejo que, em todas as áreas, as mulheres estão metendo mais a cara, tendo mais coragem e mais possibilidade – comemora Bruna.
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