De todas as manifestações artísticas, a ilustradora Anabella López considera que a música é aquela que melhor soube, até hoje, traduzir a complexidade e a diversidade brasileiras, construindo assim uma identidade que a tornou referência no mundo inteiro. Fazer com que as artes plásticas e visuais também possam expressar a riqueza cultural do nosso país, um desafio que a argentina há cinco anos radicada em Porto de Galinhas (PE) assume como propósito, também é o tema é de sua palestra hoje à tarde na Feira do Livro de Caxias, dentro do programa Quantas Histórias Nessa História, oferecido pelo Programa Nacional de Incentivo à Leitura (Proler).
Com mais de 20 livros lançados para o público infantojuvenil, entre trabalhos solo ou à convite de outros autores, Anabella atingiu o ápice com um de seus trabalhos de autoria integral, A Força da Palmeira (Pallas Brasil, 2014), vencedor do Prêmio Jabuti de ilustração infantojuvenil. A artista, que em Pernambuco dirige a escola de ilustração Usina de Imagens, destaca que boa parte de seu trabalho, também como professora, é voltado a estimular uma produção livre de lugares-comuns e preconceitos:
– Defendo que é preciso desconstruir alguns estereótipos. Alguns são estéticos, como o de que desenhos para crianças têm que ter o corpo pequeno e a cabeça grande, ou um exagero de cores, como se a criança gostasse apenas disso. Outro é mais uma questão moral, essa coisa da princesa ser sempre branca de olhos claros. O Brasil precisa olhar mais para si mesmo, para sua natureza, para sua paisagem urbana, para a sua gente. É algo que também identifico na Argentina, que olha muito para a Europa e muitas vezes faz uma mera reprodução pobre e caricata – avalia a artista de 34 anos.
Em A Força da Palmeiras ou em outras obras para as quais empresta seus traços, a ilustradora transmite um estilo carregado de simbolismo, que parece transitar na fronteira entre o desenho infantil e o adulto. Não é por acaso. Para Anabella, crianças e adultos podem consumir as mesmas imagens, dentro de suas diferentes visões de mundo:
– Não creio que haja desenhos feitos para crianças. O que existe são leituras diferentes que crianças e adultos fazem de uma mesma imagem, mas eu ilustro para todos os públicos.
Além de Anabella, que inicia sua fala às 15h30min, a programação marcada para a Casa da Cultura terá palestras de Glória Kirinus (Peru), às 8h, Marilda Castanha (MG), às 10h e Caio Riter (RS), às 13h30min.
Programe-se
O quê: palestra/oficina Quanta História Nessa História.
Quando: sexta-feira, das 8h às 10h (Glória Kirinus), 10h às 12h (Marilda Castanha), 13h30min às 15h30min (Caio Riter), 15h30min às 17h30min (Anabella López).
Onde: Galeria Gerd Bornheim, na Casa da Cultura (Feira do Livro de Caxias do Sul).
Quanto: entrada gratuita.
Mais:
Anabella também irá ministrar uma oficina gratuita de ilustração no sábado, das 14h15min às 17h, no Museu Municipal (junto com Marilda Castanha).