Reconhecida por suas inúmeras indústrias, que a elevaram ao posto de um dos maiores polos metalmecânicos do país, Caxias do Sul vem conquistando cada vez mais espaço no campo do design. De utilidades domésticas a móveis e metais para os mais diversos usos, a cidade atrai olhares de consumidores do Brasil e de outros países que buscam fugir da produção em massa dos grandes fabricantes e buscam peças exclusivas, assinadas por profissionais expressivos no mercado. Na próxima semana, uma amostra do que é produzido por aqui poderá ser conferida na 1+UM Design, primeira feira caxiense do setor, que reunirá criadores e indústria de design, de quarta-feira a sábado, no Tronca Corporate. Além de conhecer empresas e seus produtos, o público poderá assistir a quatro palestras com designers de renome nacional e internacional. Quem passar por lá também poderá conferir uma exposição com projetos dos acadêmicos do curso de Design da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
– Será um ambiente para a efervescência de ideias sobre design, não apenas de produtos, mas também de conceitos – reflete Jaqueline Concer Martins, uma das organizadoras do evento.
Durante os quatro dias, o conceito de territorialidade conduzirá os participantes nas discussões e apresentações em torno do tema, lançando luzes sobre o design produzido em Caxias do Sul e que reverbera para o mundo com inovação e muita técnica.
– Há produtos feitos em Caxias que às vezes as pessoas nem sabem que são daqui e que utilizam uma tecnologia de ponta que não perde para outros lugares. Caxias é muito famosa pela indústria metalmecânica, mas o nosso design também é muito forte – salienta Jaqueline, que em março produziu um evento semelhante na cidade, o Arte SA, para destacar o trabalho de artistas locais.
Caminhos infinitos
Embora afirme que iniciativas de design mais autoral ainda estejam engatinhando na Serra, o coordenador do curso de Design da UCS, Douglas Pastori, acredita que a indústria da região tem valorizado cada vez mais o design local como forma de agregar valor às peças:
– Não deixa de ser uma resposta ao globalismo, à cultura da cópia, em que tudo ficou muito parecido. Cada vez mais se dá valor à peça feita à mão, ao imperfeito.
Com duração mínima de quatro anos, o curso atrai acadêmicos dos mais diversos perfis. Conforme Pastori, a grade curricular foi estruturada de maneira a estimular o lado empreendedor dos alunos e o desenvolvimento do processo crítico de tudo o que diz respeito ao design.
– Podemos perceber três perfis principais de alunos que se interessam pelo curso. Tem aqueles que sempre gostaram de desenhar, aí o caminho é meio que natural. Há aqueles que veem no design uma oportunidade de carreira, por ser um mercado cada vez mais em ascensão. E tem também os perdidos, que não fazem ideia da profissão que desejam seguir e se arriscam no design. Uma vez no curso, os caminhos são infinitos, já que o leque de possibilidades é grande – exemplifica o professor.
É dos alunos da disciplina de estágio do curso, por exemplo, a concepção da identidade visual da 34ª Feira do Livro de Caxias do Sul, marcada para ocorrer a partir do dia 29. A partir de uma ampla pesquisa relacionada ao tema da edição deste ano, os acadêmicos desenvolveram cartazes e outras peças gráficas que farão a comunicação do evento para seus diversos públicos.
– O design está por tudo. Carros, roupas, arte, móveis, objetos – afirma Jaqueline.
Listando nomes como Vinicius Siega, Juliana Desconsi, Leticia Grisa e Tiago Zanotto, o coordenador do curso lembra que a maior parte das empresas de mobiliário e de áreas como utilidades domésticas e transporte, entre outras, possui alunos e ex-alunos da universidade em suas áreas de projeto.
Jaqueline, por sua vez, lista, entre os destaques da terrinha, profissionais como Roque Frizzo, com grande notoriedade em razão de seus trabalhos para a Saccaro e cuja produção internacional o levou expor no prestigiado Salão do Móvel de Milão. Jaqueline inclui ainda Oskar Metsavaht que, mesmo não tendo formação acadêmica na área – ele tem graduação em Medicina –, foi diretor criativo e fundador da Osklen.
– Tem o Diego Vanassibara também. Ele é designer de calçados, mora na Inglaterra e é uma referência em toda a Europa.
Além disso, a capacidade tecnológica das indústrias daqui, especialmente as do ramo moveleiro atrai designers de outros lugares para produzirem em seus parques fabris. Entre os exemplos, podemos citar o estilista Valter Rodrigues, que estabeleceu-se em Caxias atraído pela indústria têxtil.
Agende-se
:: O quê: 1+UM DESIGN
:: Quando: de 12 a 15 de setembro. Quarta, quinta e sexta-feira, das 17h às 22h. Sábado, das 14h às 20h.
:: Onde: Tronca Corporate (Rua Tronca, 2.650, bairro Rio Branco, Caxias do Sul).
:: Quanto: exposição e bate-papo têm entrada franca.
Participe
Exposição
::De quarta a sábado (12 a 15): Memoráveis, mostra de projetos dos acadêmicos do curso de Design da Universidade de Caxias do Sul.
Bate-papo
:: Sábado (15), às 16h: Cultura e Design - O Desafio de Desenvolver Projeto, Produção e Consumo Como Cultura de Design na Serra Gaúcha, com o professor e coordenador do curso de Design da UCS, Douglas Pastori, a jornalista Tríssia Ordovás Sartori, o engenheiro Afonso Carlos Reginatto, os arquitetos Cristina Minoranza e Rodrigo Lemes e a designer Aline Fagundes.
Mobiliário com grife
Batizadas de Mangue, as mesas da foto acima integram uma nova linha da caxiense Origin voltada à produção de peças de mobiliário. A coleção Officina alia a expertise da empresa na produção de peças em madeira maciça ao olhar criativo das designers Amélia Tarozzo, Camila Fix, Flávia Pagotti Silva e Rejane Carvalho Leite, do coletivo Plataforma4, e do também desginer Luia Mantelli. Ao todo, são sete peças, entre uma mesa de centro e uma de jantar, um mancebo e dois conjuntos de bancos, estes desenhados por Luia.
Com traços orgânicos e elegantes, a coleção segue a essência já praticada pela Origin. Fundada em 2004, a empresa é conhecida por sua linha de revestimentos de paredes, tampos para mesas e bancadas e mais de 200 itens de utilidades domésticas em oito tipos de madeiras, comercializados no Brasil em países como Estados Unidos e Japão. Para viabilizar a produção, a marca possui um departamento de engenharia que trabalha em conjunto com os designers.
– Há todo um pensamento por trás de cada item – destaca a gerente de Marketing, Claudia Biasio.
Revisitando as origens
Quando abriu sua empresa, há 10 anos, Pablo Fabris fez questão de providenciar um lugar de destaque para a bigorna que pertenceu ao tataravô, Alfredo. Instalada na recepção, a peça faz referência e homenagem ao imigrante austríaco que chegou ao Brasil em 1850 e cujo ofício de ferreiro tornou-se um legado para a família.
Mais de um século e meio depois, o administrador de 36 anos revisita as origens de Alfredo em sua linha de metais criativos desenvolvida sob orientação do arquiteto Roque Frizzo, que também assina uma das coleções.
– Nesses 10 anos, sempre prestamos serviços para outras empresas. Agora, vimos a oportunidade de criar produtos próprios utilizando o corte a laser em materiais como aço, carbono, inox e alumínio – explica Fabris.
Assim nasceu a Fabris Metal Criativo, cujo portfólio apresenta diversas coleções de painéis decorativos que podem assumir funções que vão de divisórias de ambientes a revestimento de fachadas de prédios, entre outras. Além da linha própria, a ideia é agregar designers convidados para concepção de novos padrões.
Produção autoral
Guilherme Wentz é uma das principais referências quando se trata de design caxiense. Formado pela Universidade de Caxias do Sul, decidiu investir em uma grife própria, a WENTZ, após dois anos trabalhando para a marca Riva, e logo na estreia conquistou importantes prêmios, como Idea Brasil, Brazil Design Award e International iF Design Award.
– Design autoral sempre foi uma frente de trabalho com a qual quis trabalhar – afirma, aos 31 anos.
São dele, para citar alguns exemplos, criações como o Vaso Pós-Tropical e a Luminária Corda, além das aclamadas cadeiras La Central e Eva e a mesa Officer. Desenvolvida para empresa Decameron, a escrivaninha apresenta um tampo que se abre e revela um compartimento interno para guardar materiais diversos. A mesa também possui três tomadas de energia e um lugar especialmente criado para a xícara de café. Comum a todos, a busca pela simplicidade em linhas, formas e materiais.
– É o que me atrai: a subtração de tudo o que não for importante. Objetos cada vez mais simples e que inspirem essa simplicidade, o contato com a natureza – reflete o designer
Morando em São Paulo desde 2014, continua colaborando, além da Riva e Decameron, para outras empresas, entre elas a Saccaro.
Onde estudar design em Caxias:
UCS
:: Design Bacharelado
:: Design de Interiores
:: Design de Moda Tecnologia
Uniftec
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:: Design de Produto
:: Design Gráfico
Centro Universitário FSG
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